Papa Francisco fala em gratidão e homenageia Bento XVI em missa: ‘nobre e gentil’

‘Gratidão a ele por todo o bem que realizou e, acima de tudo, por seu testemunho de fé e oração’, disse em primeira fala após morte do papa emérito

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Por Redação
Atualização:

O papa Francisco prestou uma homenagem ao papa emérito Bento XVI em uma missa neste sábado, 31. “Com emoção, nos lembramos de uma pessoa tão nobre e gentil”, disse durante as orações da véspera de Ano Novo, na Basílica de São Pedro, no Vaticano.

A cerimônia foi a primeira em que o papa falou publicamente sobre a morte de Bento XVI, aos 95 anos, ocorrida às 9h34, no horário local. “Só Deus conhece o valor e a força de seus sacrifícios oferecidos pelo bem da Igreja”, acrescentou.

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“Falando de gentileza, neste momento, meus pensamentos vão espontaneamente ao queridíssimo papa emérito Bento XVI, que nos deixou nesta manhã”, declarou durante a homilia. ”Sentimos em nossos corações, muita gratidão, gratidão a Deus, por tê-lo doado à Igreja e ao mundo, e gratidão a ele por todo o bem que realizou e, acima de tudo, por seu testemunho de fé e oração, especialmente nos últimos anos de vida em retiro”, completou.

Referindo-se à figura de Bento XVI, Francisco defendeu a bondade ”como uma virtude cívica” no mundo de hoje, “um fator importante na cultura do diálogo” e “essencial para viver em paz como irmãos que nem sempre concordam, é normal, mas que se falam”.

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Após a missa, o papa Francisco visitou o Portal de Belém, colocado para o Natal na Praça de São Pedro. Ele estava em uma cadeira de rodas, por causa de problemas no joelho, e auxiliado por um colaborador. O líder católico permaneceu alguns momentos em oração, enquanto um grupo interpretou algumas canções natalinas.

Pela manhã, os sinos da Basílica de São Pedro tocaram e centenas de pessoas compareceram à praça para recordar Joseph Ratzinger, teólogo conservador que escolheu o nome de Bento XVI após ser nomeado chefe da Igreja Católica, em 2005, posto a que renunciou em 2013.

Francisco homenageou Bento XVI durante homilia na Basílica de São Pedro Foto: Fabio Frustaci/EFE

Velório de Bento XVI começará na segunda e funeral será presidido pelo papa Francisco

O velório do papa emérito será realizado a partir desta segunda-feira, 2, na Basílica de São Pedro, no Vaticano, com visitação aberta ao público. O papa Francisco presidirá os ritos do funeral, a partir das 9h30, em horário local, da quinta-feira, 5. O sepultamento ocorrerá na cripta da basílica.

“O caixão do soberano pontífice emérito será levado para a Basílica de São Pedro e depois para as grutas do Vaticano (que abrigam os túmulos dos papas) para ser enterrado lá”, disse o Vaticano em comunicado.

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Bento XVI morreu às 9h34, em horário local, e, segundo o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, deixou como último pedido que o funeral fosse “o mais simples possível; solene, mas sóbrio. “Não é um momento para muitas palavras, mas sim de dor”, acrescentou.

O porta-voz afirmou que Bento XVI recebeu a extrema unção na quarta-feira, 28, após seu estado de saúde se agravar. No momento do falecimento, estava acompanhado do seu secretário, o monsenhor George Ganswein, e das quatro leigas do instituto Memores Domini, que o acompanhavam desde a renúncia.

Como ex-chefes de Estado, o funeral do papa emérito contará com a presença de autoridades estrangeiras. A Alemanha e a Itália estão entre os primeiros países confirmados entre os que enviarão delegações oficiais à Cidade do Vaticano. Líderes mundiais, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, prestaram condolências.

Segundo as normas estabelecidas pela Constituição Apostólica Dominici Gregis, promulgada por João Paulo II, em 1996, o papa Francisco decretará luto oficial. Até o momento, o Vaticano não divulgou se o corpo do papa emérito será embalsamado, como o de parte de seus predecessores.

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O caixão com os restos mortais será transferido na segunda-feira para a Basílica de São Pedro, onde será colocado em frente ao altar da confissão e permanecerá por três dias. Por enquanto, não há confirmação se, assim como a tradição indica, o corpo será colocado em três caixões: um feito de cipreste forrado com veludo carmesim embutido em outro, de chumbo de quatro milímetros de espessura, por sua vez embutido em outro feito de madeira de olmo envernizada.

O fluxo de turistas e fiéis no Vaticano aumentou após a notícia da morte do pontífice, o que motivou a determinação para o fechamento temporário da Praça de São Pedro. Também está proibido estacionar veículos nas ruas adjacentes.

O papa emérito morreu neste sábado, 31, aos 95 anos, no mosteiro Mater Ecclesiae, do Vaticano, onde residia desde a histórica renúncia ao pontificado, em 2013. A preocupação com o estado de saúde do papa alemão aumentou na quarta-feira, 28, quando o papa Francisco afirmou que o antecessor estava “muito doente” e pediu “uma oração especial” aos fiéis.

Cidade natal de Bento XVI lamenta morte do ‘papa bávaro’ com fitas pretas e velas

Homenagens com fitas pretas e velas têm se espelhado por Marktl, cidade natal de Bento XVI, na Baviera. Com apenas 2,8 mil habitantes, na fronteira da Alemanha com a Áustria, o município está com um clima triste e distinto dos tradicionais festejos de fim de ano.

Uma bandeira papal preta, branca e dourada, com um laço preto no centro, foi colocada a meio mastro em frente à Prefeitura, à casa em que viveu e à igreja de São Osvaldo. O presidente regional da Bavária, Markus Söder pediu que todas as bandeiras fossem hasteadas a meio mastro em frente aos edifícios oficiais. “Lamentamos a morte de nosso papa bávaro”, disse.

Cidade natal homenageia Bento XVI Foto: Kerstin Joensson/AFP

Cerca de 200 pessoas assistiram à missa em sufrágio ao papa emérito, onde um retrato de Bento XVI foi exposto à direita do altar. A ligação com Joseph Ratzinger costuma atrair excursões ao município em que vivia quando foi nomeado padre.

Franz Haringer, diretor de teologia da terra natal do papa emérito, destacou o “bom humor” do líder religioso. Por outro lado, parte dos habitantes critica a gestão de Ratzinger quando arcebispo de Munique, pela qual foi criticado por supostamente acobertar denúncias de abuso sexual. Em fevereiro, o antigo pontífice havia pedido “perdão”, embora tenha garantido que nunca escondeu nenhum pedófilo./COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

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