Papa revela que assinou carta de renúncia para o caso de problema de saúde grave

Francisco, que completou 86 anos no sábado, 17, já havia dito que renunciaria ao papado se problemas de saúde o impedissem de fazer seu trabalho

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Por Redação
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CIDADE DO VATICANO - O papa Francisco revelou pela primeira vez em uma entrevista neste domingo, 18, a um jornal espanhol que assinou uma carta de renúncia há quase uma década para o caso de sua saúde o impedir de desempenhar funções.

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Francisco, que completou 86 anos no sábado, 17, já havia dito que renunciaria ao papado se problemas de saúde o impedissem de fazer seu trabalho. “Já assinei minha demissão em caso de impedimento médico”, disse em entrevista ao jornal espanhol ABC.

O pontífice explicou que assinou a carta e a entregou ao então secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, em 2013, antes de se aposentar.

“Assinei-o e disse-lhe: ‘Em caso de impedimento por razões médicas ou qualquer outra coisa, aqui está a minha demissão. Eles já a têm”, afirmou o Papa. Ele completou: “Agora talvez alguém vai e pergunte a Bertone: ‘Dê-me essa carta’. Certamente ele o terá dado ao novo secretário de Estado. Eu entreguei a ele enquanto secretário de Estado”.

O Papa Francisco é auxiliado por Monsenhor Leonardo Sapienza, à esquerda, enquanto caminha com uma bengala para sua audiência geral na Praça de São Pedro, no Vaticano, em 1º de junho deste ano.  Foto: Arquivo Gregorio Borgia/AP Archivo

Questionado pelo entrevistador se gostaria que este fato fosse conhecido, Francisco respondeu: “É por isso que vos estou a dizer.”

O papa tem dificuldade para andar devido a um problema inoperável no joelho que o obrigou a usar uma cadeira de rodas nos últimos meses. Ele também teve que cancelar ou reduzir as atividades várias vezes no último ano devido à dor.

Em uma entrevista em julho deste ano, ele reconheceu que precisava desacelerar. “Acho que com a minha idade e com essa limitação, tenho que me preservar um pouco para poder servir a igreja. Ou, alternativamente, pensar na possibilidade de me afastar”, disse, na época.

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O predecessor de Francisco, Bento XVI, renunciou em 2013 devido a problemas de saúde. Ele agora vive na Cidade do Vaticano.

Na entrevista, o pontífice também disse que planeja viajar a Marselha no próximo ano para participar de uma reunião de arcebispos, cuja data ainda não foi especificada.

“Talvez no próximo ano eu vá a Marselha para o Encontro do Mediterrâneo”, disse ele. Ele especificou, no entanto, que não seria uma visita oficial do chefe de Estado do Vaticano na França.

“Estive em Estrasburgo, mas não pela França, mas para visitar as instituições da União Europeia” em 2014, recordou ele.

Papa comenta julgamento de Lula no Brasil

Na mesma entrevista, outros assuntos foram abordados, dentre eles o julgamento de Lula no Brasil em 2017. De acordo com a agência oficial do vaticano, o Papa Francisco acredita que foi criada uma “atmosfera” que favoreceu o julgamento do atual presidente eleito. “O problema das notícias falsas sobre líderes políticos e sociais é muito sério. Elas podem destruir uma pessoa”. No caso específico de Lula, segundo o Papa Francisco, não foi “um julgamento à altura”.

Além disso, Francisco também fez um alerta: “Cuidado com aqueles que criam a atmosfera para um julgamento, seja ele qual for. Eles fazem isso através da mídia de forma a influenciar aqueles que devem julgar e decidir. Um julgamento deve ser o mais limpo possível, com tribunais de primeira classe que não tenham outro interesse que manter limpa a justiça”, afirmou. /AFP

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