Peça ‘Tom na Fazenda’, que fala de intolerância, tem temporada prorrogada

Com o ator e produtor Armando Babaioff, espetáculo, em cartaz até o dia 28, também tem o preconceito como tema

PUBLICIDADE

Foto do author Ubiratan Brasil
Gustavo Vaz, Kelzy Ecard e Armando Babaioff estão no elenco Foto: Ricardo Brajtermann

O publicitário Tom vai à fazenda onde moram os parentes de seu namorado, recentemente falecido em um acidente de motocicleta. Lá, descobre que a mãe e o irmão não sabiam da opção sexual do rapaz. Esse é o ponto de partida da peça Tom na Fazenda, cujo sucesso conquistado no Rio continuou em São Paulo, a ponto de sua temporada ser estendida no Sesc Santo Amaro até o dia 28.

PUBLICIDADE

Escrita pelo canadense Michel Marc Bouchard, a peça inspirou uma adaptação cinematográfica feita, em 2013, pelo cineasta Xavier Dolan. E foi em uma conversa com um amigo que o ator e produtor Armando Babaioff tomou conhecimento do filme – só que ele estava mais interessado no texto que inspirou o longa. Depois de lê-lo numa só tacada, Babaioff o traduziu, escolhendo as palavras que melhor se encaixam na embocadura dos atores. Era o começo da montagem brasileira.

Com direção de Rodrigo Portella, a peça mostra a inabilidade que muitas pessoas têm para lidar com o preconceito, impotência, violência e fracasso. Em cena, o publicitário Tom (Babaioff) vai à fazenda da família para o funeral de seu companheiro. Ao chegar, descobre que a sogra (Kelzy Ecard) nunca tinha ouvido falar dele e tampouco sabia que o filho era gay. Nesse ambiente rural e austero, Tom é envolvido numa trama de mentiras criada pelo truculento irmão (Gustavo Vaz) do falecido, que acaba criando uma dependência de Tom naquela família. A fazenda, aos poucos, se transforma no cenário de um jogo perigoso. A tensão da trama diminui com a chegada de uma amiga, que forja ter sido namorada do rapaz que morreu, papel muito bem defendido por Camila Nhary. 

Os personagens, aliás, não são tão definidos, mantendo um certo mistério que encanta o espectador. Sobre Tom, por exemplo, há poucas informações, como ser morador de uma metrópole e usuário de marcas famosas. Já o irmão, apesar da truculência, revela uma certa afeição por Tom. E, finalmente, a mãe dos rapazes não convence de estar totalmente alheia à opção sexual do filho morto, a ponto de tratar o recém-chegado com um carinho filial, como se fosse o substituto do ente perdido.

Publicidade

“Bouchard compôs uma obra de estrutura impecável. Ele vai fundo nas contradições dos seus personagens, o que os torna muito próximos de nós”, acredita o diretor.TOM NA FAZENDASesc Santo Amaro. Rua Amador Bueno, 505. Tel.: 5541-4000. Sáb., 21h; dom., 19h (dom., dia 14/4, às 18h). R$ 30. Até 28/4

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.