Pernambuco: 2 PMs são assassinados e família de suspeito é morta em menos de 24 horas

Apontado como responsável por executar policiais também foi morto; governo diz investigar todos os casos

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Atualização:

Oito pessoas foram mortas em quatro ataques em Camaragibe, na Região Metropolitana de Recife, e em Paudalho, Zona da Mata, entre a noite de quinta-feira, 14, e a sexta-feira, 15. Há suspeita de ligação entre os casos, que ocorreram em menos de 24 horas. A suspeita é de que os assassinatos de dois PMs tenham desencadeado a série de violência, uma vez que o próprio atirador, sua mãe e seus três irmãos foram mortos menos de 24 horas depois. A governadora Raquel Lyra (PSDB) disse que a Polícia Civil investiga os casos.

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Uma equipe de policiais militares do 20º Batalhão foi chamada para uma ocorrência de disparo de arma de fogo no bairro de Tabatinga, em Camaragibe por volta de 21 horas de quinta. Ao chegar e tentar abordar o suspeito, a polícia foi recebida a tiros.

O cabo Rodolfo José da Silva, de 38 anos, e o soldado Eduardo Roque Barbosa de Santana, de 33 anos, foram atingidos na cabeça. O soldado morreu no local. O cabo foi levado ao Hospital da Restauração, no Derby, mas não resistiu.

Mais duas pessoas foram atingidas por balas perdidas e, até a publicação desta reportagem, estavam internadas no mesmo hospital: uma grávida de 18 anos e um adolescente de 14, cujos nomes e os estados de saúde não foram informados. O atirador, identificado pela Polícia Civil como Alex Silva, conseguiu fugir.

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Governadora prometeu investigação Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Às 2h desta sexta-feira, dois homens com os rostos cobertos por capuzes abordaram três irmãos de Silva, na porta de uma casa no mesmo bairro de Camaragibe, e atiraram contra eles, matando todos. Ágata Ayanne da Silva, de 30 anos, e Amerson Juliano da Silva, de 25, morreram no local. Apuynã Lucas da Silva, também de 25, foi levado ao Hospital da Restauração, mas não resistiu.

Os atiradores fugiram sem ser identificados. Ágata estava fazendo uma transmissão ao vivo pelo Instagram quando os encapuzados chegaram, então parte do crime foi transmitido por essa rede social.

Por volta das 11h desta sexta, policiais localizaram Silva no bairro de Tabatinga. Segundo a governadora Raquel Lyra, o suspeito reagiu à voz de prisão e atirou contra três PMs, que revidaram. Silva foi atingido na cabeça e no tórax e morreu. Os PMs passam bem, segundo Raquel.

Durante a tarde de sexta-feira, os corpos de Maria José Pereira da Silva, mãe de Alex, e de outra mulher não identificada foram encontrados abandonados em um canavial do município de Paudalho, na Zona da Mata. A Polícia Civil suspeita que a mulher não identificada fosse casada com Alex.

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Em pronunciamento feito na tarde desta sexta-feira, a governadora lamentou a sequência de crimes. “A polícia está investigando cada uma delas como são: crimes bárbaros que aconteceram no nosso estado. Eu quero me solidarizar com os familiares e amigos dos policiais Rodolfo e Eduardo”, disse. “Na mesma noite foram assassinados os três irmãos do autor dos homicídios”, continuou.

Após citar os outros crimes, ela disse que “a polícia já investiga as circunstâncias em que cada uma dessas mortes se deu. O Grupo de Operações Especiais da Polícia Civil foi destacado para poder conduzir essas investigações, e nós, o governo de Pernambuco, estamos atentos e tomando todas as providências necessárias para garantir a paz social no nosso Estado, fortalecendo também as nossas equipes policiais”, concluiu Raquel.

Baixada Santista enfrenta onda de violência

Em São Paulo, a PM foi acusada de torturas e execuções na Baixada Santista após a morte de um tenente da Rota no Guarujá, em julho. Nas semanas seguintes, foi intensificada a Operação Escudo, de policiamento naquela região, que resultou em 28 mortes. O governo do Estado, da gestão Tarcísio de Freitas, nega ilegalidades.

O caso do Guarujá repete uma dinâmica conhecida por pesquisadores que estudam a letalidade policial no País: ações com caráter de revanche em reação à violência praticada contra agentes, também chamada de “operação vingança”. Para especialistas, ações com esse perfil contrariam previsões legais, colocam comunidades inteiras sob clima de medo e ameaça de tiroteios.

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