A piloto brasileira Juliana Turchetti, de 45 anos, morreu na quarta-feira, 10, nos Estados Unidos, depois de sofrer um acidente durante uma operação de combate aos incêndios florestais que atingem o Estado de Montana, região oeste do país.
Em nota, o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) informou que a brasileira integrava a equipe que combatia as chamas na Floresta Nacional de Helena, cidade sede do condado de Lewis e Clark.
A entidade informou que o acidente aconteceu por volta do meio-dia no horário local (às 15h, no Brasil). De acordo com o relato, Juliana sofreu o acidente durante uma manobra feita com o avião de modelo FireBoss, chamada scooping, que consiste em passar com a aeronave sobre uma represa ou lago, captar a água para o reservatório e voltar a decolar para lançar o conteúdo sobre as chamas.
No momento em que Juliana foi realizar a manobra, o avião pilotado pela brasileira teria batido em algo, se despedaçado na água e afundado, de acordo com o relato do xerife do condado, Leo Duttom, à imprensa local. O corpo da piloto foi encontrado por volta das 17h local (às 20h do Brasil) por equipes de resgate.
A nota do Sindag informa que investigações sobre as causas do acidente estão sendo realizadas pelo Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos EUA (NTSB, na sigla em inglês), cujo laudo vai confirmar se o avião se chocou contra algum objeto, banco de areia ou contra alguma onda que pudesse ter provocado o acidente.
“Estamos profundamente tristes em saber do falecimento da jovem bombeira florestal que tragicamente perdeu a vida respondendo ao incêndio Horse Gulch em Helena, Montana”, disse uma nota conjunta emitida pelos governadores de Montana (onde ocorreu o acidente), Greg Gianforte, e Brad Little, de Idaho (que cedeu o avião ao Serviço Florestal no Estado vizinho).
“Nossos primeiros socorristas e bombeiros florestais arriscam suas vidas para responder rapidamente às ameaças e proteger nossas comunidades. É um verdadeiro ato de bravura correr em direção ao fogo. Nós nos juntamos a todos os habitantes de Montana e Idaho em oração pela família e amigos da heroína caída durante este momento trágico”, diz o comunicado.
Brasileira foi a primeira a pilotar um avião modelo Fire Boss
Juliana Turchetti tinha 45 anos e era de Contagem, Minas Gerais. Antes de ser piloto e acumular 6,5 mil horas de voo, atuou como comissaria de bordo. Ingressou na aviação em 2007, tornando-se instrutora de voo, copiloto e piloto em aviões Boeing 727 e 737. Em 2013, entrou para a aviação agrícola.
Deixou o Brasil em 2018, para morar nos Estados Unidos, onde se tornou a primeira brasileira a voar em um avião do modelo AT-802F Fire Boss, durante um treinamento na Flórida com o hidroavião, em fevereiro deste ano. Ela relatou a experiência no seu canal no YouTube, onde publicava vídeos explicando as operações.
De acordo com o Sindag, Juliana participou de uma operação de combate a incêndios florestais no dia 4 de julho, e sobrevoou uma área de 340 hectares, onde chegou a realizar a manobra de scooping 11 vezes, de acordo com o comunicado do Sindag.
“Ela realizou o sonho de muitas nós, que é voar o Fire Boss e estava construindo a carreira dela nos Estados Unidos”, disse a também piloto, e amiga de Juliana, Joelize Friedrichs. “Ela era uma das grandes. Os feitos dela, as conquistas dela e seus conselhos vão mantê-la viva em nossos corações. Está sendo bem difícil.”
A presidente do Sindag, Hoana Almeida Santos, destacou a representatividade que Juliana Turchetti tinha para outras mulheres do setor da aviação. “Estamos muito tristes e abalados com a notícia. Juliana representava não somente a determinação e a coragem dos pilotos brasileiros, mas era também um exemplo de profissionalismo, pela linda trajetória. Valorizando o papel das mulheres no setor e sendo fonte de inspiração para muitos”, lamentou.
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