BRASÍLIA - Lázaro Barbosa, de 32 anos, conhecido como "serial killer do DF", morreu após ser capturado pela Polícia Civil de Goiás na manhã desta segunda-feira, 28. Segundo a Secretaria de Segurança Pública goiana, ele descarregou uma pistola contra os policiais e houve confronto. Lázaro, que era acusado de matar uma família de quatro pessoas no começo deste mês, foi socorrido com vida e chegou morto ao hospital, ainda conforme a pasta.
"Como eu disse, era questão de tempo até que a nossa polícia, a mais preparada do País, capturasse o assassino Lázaro Barbosa", escreveu o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), nas redes sociais. "Parabéns para as nossas forças de segurança. Vocês são motivo de muito orgulho para a nossa gente! Goiás não é Disneylândia de bandido", acrescentou Caiado.
O cerco policial para prendê-lo durou 20 dias e as buscas se concentraram na região de Cocalzinho de Goiás (GO), no entorno entre o Distrito Federal e Goiás, onde havia sido visto pela última vez. A Polícia Militar usou helicópteros, cães farejadores e contou com auxílio da Polícia Federal para capturá-lo. Segundo agentes que acompanham as buscas, Lázaro conhecia bem a área, onde mora sua família, e tinha facilidade para se esconder na mata.
A polícia confirmou que o homem também é investigado pela morte de um caseiro em Girassol, no dia 5 de junho, quatro dias antes do assassinato de uma família em Ceilândia.
Na terça-feira, 15, Lázaro fez uma pessoa refém em Edilândia (GO), na mesma região de Cocalzinho, e trocou tiros com policiais. Um agente foi atingido, mas ficou bem após socorro médico.
"Foram tiros de raspão, dois tiros, os dois passaram de raspão no rosto. Já foi socorrido e está tranquilo", disse o secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda, em entrevista na noite de terça-feira. O foragido havia sido visto em propriedades rurais na região do entorno do DF e Goiás.
Uma força-tarefa com cerca de 200 policiais foi montada e tem usado o distrito de Girassol, área rural de Cocalzinho, como base. O secretário de segurança de Goiás disse nesta quinta-feira, 17, que o grupo foi reforçado por 20 agentes da Força Nacional de Segurança. Um grupo de oração esteve próximo a uma das bases usadas pela polícia na manhã desta quinta-feira, 17, pedindo proteção divina para a vida dos policiais e dos moradores.
Lázaro é acusado de matar, a tiros e facadas, três pessoas na zona rural de Ceilândia no último dia 9 de junho. Os mortos eram Cláudio Vidal de Oliveira, de 48 anos, e os filhos Gustavo Marques Vidal, de 21 anos, e Carlos Eduardo Marques Vidal, de 15 anos. O foragido também é apontado como responsável pelo sequestro da mulher de Cláudio, Cleonice Marques de Andrade. O corpo dela foi encontrado no dia 12 à beira de um córrego, próximo da casa onde a família morava. Nascido na cidade baiana de Barra do Mendes, a 530 quilômetros de Salvador, Lázaro já respondeu, na cidade natal, a um processo por homicídio quando tinha 20 anos. Em 2011, já em Ceilândia, ele foi condenado por estupro e roubo com emprego de arma. Ele chegou a ser preso em 2018, em Águas Lindas de Goiás, mas fugiu do encarceramento poucos meses depois.
OAB lamenta celebração e vai acompanhar investigação da morte de Lázaro
A Ordem dos Advogados do Brasil, seção de Goiás, informou que vai acompanhar a investigação da Polícia Civil para apurar se as circunstâncias da morte do foragido Lázaro Barbosa ocorreram “nos limites da legalidade”. O presidente da Comissão de Direitos Humanos, Roberto Serra, lamentou que o desfecho tenha sido “espetacularizado” como se a morte de alguém fosse um algo banal. A OAB informou que, na ausência de informações mais detalhadas a respeito dos procedimentos de captura, se solidariza com as pessoas vitimadas pelo fugitivo, com a população da região que se sentia atemorizada, assim como com os agentes de segurança que participaram das buscas.
No entanto, informou que “lamenta a espetacularização e a celebração da morte, ao alertar que a divulgação de fotos e vídeos de pessoa morta pode configurar-se crime, conforme o artigo 212 do Código Penal, passível de detenção de um a três anos e multa”.
Conforme o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-GO, logo após a informação da morte de Lázaro, passaram a circular vídeos e fotos em redes sociais mostrando o corpo crivado de balas. Vídeos mostraram também que, depois de ser atingido pelos disparos efetuados pelos policiais, Lázaro foi colocado na parte de trás de uma viatura e levado para a base da força-tarefa, montada na Escola Municipal Alto da Boa Vista, em Cocalzinho de Goiás, a cerca de 20 quilômetros.
Quando ele era retirado da viatura e colocado em uma ambulância do Corpo de Bombeiros, os policiais celebraram aos gritos e palavrões o “alvo abatido”. “O que nós criticamos sempre é a espetacularização de um evento que causou tanto trauma para todos no Estado de Goiás. Qualquer que seja a pessoa, criminoso foragido ou vítima, celebrar a morte de alguém é motivo de lamento”, disse.
Segundo ele, a OAB vai acompanhar o inquérito que deve ser aberto para apurar se a morte de Lázaro decorreu do estrito cumprimento do dever legal, de legítima defesa ou se houve excesso. “A apuração da Polícia Civil é importante, não apenas para aferir os limites da legalidade em que o fato se deu, mas também porque há outros fatos conexos, como uma acusação de estupro que recai sobre o suspeito morto e, também, de eventual ajuda que ele tenha recebido de terceiros durante a fuga”, disse. /COLABOROU JOSÉ MARIA TOMAZELA
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