Com 70,8 homicídios a cada 100 mil habitantes e um total de 310 mortes entre 2001 e 2006, a cidade de Caraguatatuba, no litoral norte paulista, aparece no Mapa da Violência, publicação da Rede de Informação Tecnológica Latino Americana (Ritla) divulgada hoje, como a mais violenta do Estado de São Paulo. Os números foram bravamente contestados pela Polícia Civil local. De acordo com as estatísticas da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, no mesmo período, entre 2001 e 2006, foram 240 as vítimas de homicídios na cidade. Segundo o Mapa da Violência, coordenado por Júlio Jacobo, Caraguatatuba está em 41º no ranking brasileiro, mas aparece como a primeira em homicídios no Estado de São Paulo. "Esses números apresentados neste Mapa da Violência não são verdadeiros. Desconheço a metodologia usada nesta pesquisa, que considero imprestável", disse o delegado seccional do litoral norte, José Francisco Rodrigues. "Por que este pesquisador não mostrou também os números de 2007? Qual foi a metodologia científica utilizada para se chegar a esses números tão diferentes?", questionou o delegado, que está a frente da seccional há três anos. O delegado cita como exemplo o ano de 2004. O Mapa da Violência aponta que houve 51 homicídios enquanto que os registros policiais apontam 26. "Onde está essa diferença, onde ele achou esses números?", insiste novamente Rodrigues. No ano passado, segundo dados da Polícia Civil, ocorreram em Caraguatatuba 27 mortes desta natureza. "A redução para o ano de 2006 foi de quase dois terços e pelo menos 50% dos crimes foram esclarecidos", diz. O prefeito de Caraguatatuba, José Pereira de Aguilar (DEM) ficou perplexo com a notícia. "Não vejo essa violência deste tamanho aqui na cidade. Moro na periferia, sabemos que existem alguns casos, mas não desta forma", diz. Para Aguilar, a pesquisa pode repercutir de forma negativa para o turismo. "Principalmente porque muita gente só lê a manchete e já fica assustado", argumenta. Aguilar diz que vem combatendo a violência investindo pesado em projetos sociais e educativos. "São mais de 300 famílias em programas de geração de renda, outras muitas no projeto de liberdade assistida, em que o jovem freqüenta atividades junto com a família para se recuperar. Sei que a responsabilidade não pode ser somente do Estado".
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