Polícia de Minas apura se cerveja causou doença misteriosa; fabricante recolhe lote

Laudo apontou a presença da substância dietilenoglicol em garrafas da cerveja Belorizontina, da marca Backer; há a possibilidade de a substância ter relação com a morte de uma pessoa. Outras sete estão internadas

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Por Leonardo Augusto
Atualização:

BELO HORIZONTE - Laudo da Polícia Civil de Minas Gerais divulgado nesta quinta-feira, 9, apontou a presença da substância dietilenoglicol em garrafas da cerveja Belorizontina, da marca Backer, produzida na capital mineira. As investigações, conforme a corporação, continuam, mas existe a possibilidade de a substância estar relacionada à morte de uma pessoa e à internação de outras sete em hospitais da capital e Grande Belo Horizonte. A fabricante recolheu lotes da bebida.

A análise foi feita em garrafas da bebida recolhidas na residências de pessoas contaminadas, no bairro Buritis, Região Oeste de Belo Horizonte. Todas apresentaram insuficiência renal aguda e alterações neurológicas graves. A morte de um dos pacientes, morador de Ubá, na Zona da Mata, e que esteve no bairro Buritis, ocorreu na terça-feira, 7, em hospital de Juiz de Fora, na mesma região.

Peritos da Polícia Civil de Minas estiveram na sede da cervejaria Backer para investigar uma possível ligação da empresa com casos da doença misteriosa Foto: Uarlen Valério / O Tempo

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Na tarde desta quinta, a Polícia Civil esteve na fábrica da cervejaria, no bairro Olhos d'água, na Região Oeste da cidade. Os lotes a que as garrafas pertenciam foram identificados como os de númerosL1 1348 e L2 1348. Não há informação sobre o destino dos lotes. 

O Procon orienta consumidores do produto que tenham adquirido a cerveja recentemente a conferir as garrafas que possam ter em casa e, se verificarem que pertencem a esses dois lotes, que entreguem as unidades às autoridades de vigilância sanitária. O Procon classifica a situação como "grave" e afirma que os consumidores estão expostos a riscos.

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Em nota divulgada nas redes sociais, a Backer informou que a substância dietilenoglicol não faz parte do processo de produção da cerveja, mas que, "por precaução, os lotes citados pela Polícia Civil e recolhidos na residência dos consumidores, serão retirados imediatamente de circulação". A cervejaria informou ainda que continua à disposição das autoridades.

Dietilenoglicol

O efeito do dietilenoglicol no corpo humano é compatível com os sintomas apresentados nos quadros de saúde das vítimas. Vômito, dores abdominais e irritação no trato gastrointestinal. A substância pode provocar lesões nos rins e fígado. A substância pode ser encontrada, por exemplo, para refrigeração de equipamentos utilizados na produção industrial. No caso das cervejarias, pode estar presente em serpentinas. 

O superintendente de Polícia Técnico-Científica de Minas, Thales Bittencourt, afirma não ser possível informar, no momento, os motivos que levaram a substância a ser encontrada na cerveja. "Podemos afirmar apenas que estavam nestas amostras", pontuou. Bittencourt afirmou que as autoridades de vigilância sanitária já foram comunicadas do resultado do laudo. Até o momento, segundo o Procon, que participa da força-tarefa montada para averiguar o que provocou a morte e as internações, não existe a possibilidade de se confirmar responsabilidade da Backer na contaminação dos lotes.

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Segundo o delegado Flávio Grossi, responsável pelas investigações, as apurações vão levar tempo. O inquérito aberto tem prazo de 30 dias para conclusão. A reportagem tentou, sem sucesso, contato com a cervejaria Backer. O telefone indicado para acesso à assessoria de comunicação da empresa estava desligado. Mensagem na rede social Whatsapp não foi respondida até as 20h47.

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