A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga se o uso do herbicida glifosato causou intoxicação em cerca de 40 animais na última semana no bairro Oceânica, na Barra da Tijuca, zona oeste da capital fluminense. A polícia afirma que ao menos sete cães morreram. Um deles era do ator Cauã Reymond (leia mais abaixo).
Investigadores da Delegacia de Polícia do Meio Ambiente (DDMA) identificaram um zelador que teria aplicado o herbicida, popularmente conhecido como ‘mata-mato’, nos gramados do pátio de um condomínio da região. O herbicida é largamente usado na agricultura para controle de ervas daninhas, mas só pode ser usado em baixa concentração em ambientes não sujeitos a controle.
Depois de ouvir cerca de dez pessoas, entre moradores e funcionários de prédios da região, na última terça-feira, 11, a polícia recebeu a denúncia de uma moradora que teria visto o zelador aplicando o herbicida com um borrifador.
O homem foi identificado e o equipamento, apreendido para perícia. O zelador foi ouvido e liberado. A polícia aguarda o laudo da perícia para confirmar qual substância foi empregada na pulverização.
Cachorro de Cauã Reymond foi vítima
Os cães começaram a apresentar sintomas de envenenamento, como salivação excessiva e vômitos, há pouco mais de uma semana. Pelo menos sete cachorros morreram devido à intoxicação, entre eles o cão Romeu, do ator Cauã Reymond. O ator usou suas redes sociais para contar que também sua cadela Shakira tinha apresentado sintomas de envenenamento.
O caso chegou à Comissão de Direitos dos Animais da Câmara Municipal do Rio e mobilizou a polícia. Uma equipe foi ao local, colheu amostras dos animais e recolheu imagens de câmeras. No último dia 8, a Comlurb, companhia municipal de limpeza, efetuou a limpeza e lavagem de calçadas e dos canteiros na tentativa de retirar possíveis venenos ou produtos químicos que estariam causando as intoxicações.
O glifosato é o princípio ativo de um dos agrotóxicos mais utilizados no Brasil. Em 2020, a Anvisa reavaliou o glifosato e concluiu pela manutenção do uso do agroquímico no Brasil, com a adoção de restrições destinadas à mitigação dos riscos identificados.
O uso foi liberado para a agricultura, em lavouras específicas que apresentam resistência ao princípio ativo, e reflorestamento de eucalipto, bem como para controle de mato em rodovias e construção de aceiros. Também pode ser usado em jardinagem amadora, mas com concentração de apenas 1%. A reportagem entrou em contato com a Anvisa e aguarda retorno.
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