Polícia Federal acompanha morte do caseiro de FHC

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Por Agencia Estado
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O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general Alberto Cardoso, disse hoje que a Polícia Federal e funcionários do gabinete estão acompanhando as investigações, coordenadas pela Polícia Civil, para desvendar o assassinato do caseiro do sítio do presidente Fernando Henrique Cardoso, em Ibiúna, São Paulo, Joaquim Antonio da Silva. O general disse que o presidente está muito abalado. O general disse que ainda não está sendo cogitada a possibilidade de ser montado um esquema especial de segurança para a fazenda. "O condomínio tem um esquema de segurança próprio. Se os condôminos verificarem a necessidade de reforçar a segurança é claro que eles o farão. Mas nós não estamos pensando em destacar um efetivo para esse fim", disse. O general afirmou que até agora não recebeu informação sobre as causas do assassinato e que espera ser informado ainda hoje sobre as investigações. O crime O caseiro Joaquim Antonio da Silva de 57 anos, foi morto com dois tiros na chácara do presidente no bairro Mirim Açú, zona rural de Ibiúna, a 80 quilômetros da capital paulista. O corpo foi encontrado pelo filho do caseiro, Marcos Antonio da Silva, de 27 anos, no início da madrugada de hoje. A polícia acredita que o crime ocorrido por volta das 22h30 de quinta-feira, pode ter sido motivado por vingança ou em decorrência de uma tentativa de assalto. Antes de ser morto, o caseiro entrou em luta corporal com o assassino, ou um dos assassinos. Parte da gola de uma camisa ficou presa em sua mão. Silva trabalhava com a família do presidente desde 1974. Quando foi eleito presidente, FHC fez elogios públicos ao caseiro. Silva morava com o filho Marcos, que também trabalhava como jardineiro no sítio do Pessegueiro, nome da chácara do presidente. Eles ocupavam uma casa de cinco cômodos, a cerca de 50 metros da casa do presidente. Porta entreaberta Marcos estava na casa da namorada na hora provável do crime. Ao chegar em casa, de bicicleta, pouco depois da meia-noite, encontrou a porta entreaberta. "Empurrei com a roda e vi o corpo no chão", contou. O caseiro estava caído sobre uma poça de sangue no piso de cimento liso, com perfurações na barriga e na virilha. Dois dos três cães estavam soltos, mas são pequenos e inofensivos. Marcos pediu socorro ao vizinho Jorge Roberto da Silva, de 50 anos, e foi acordar o irmão, Celso Antonio, de 23 anos. O delegado do município, João Francisco Ferreira Dias, foi avisado por volta de uma hora. Pouco depois, a assessoria do presidente era informada do crime em Brasília. A polícia mobilizou um grande aparato para tentar prender o autor ou os autores do crime. Enquanto o corpo de Silva era levado para o Instituto Médico Legal (IML) de Sorocaba investigadores e policiais militares faziam uma varredura nas imediações. O comandante regional da Polícia Militar, major Marcos Tadeu Luchini, disse que o procedimento é normal por tratar-se de ocorrência em propriedade do presidente. O delegado Antonio César Salomoni, da superintendência da Polícia Federal em São Paulo, foi com uma equipe ao local, mas disse que as investigações seriam feitas apenas pela Polícia Civil. Condomínio aberto O sítio de Fernando Henrique fica no meio de várias chácaras, das quais não é separado por cerca ou alambrado. Por não ser condomínio fechado, o acesso não é controlado. A polícia suspeitou, no princípio, de tentativa de assalto. Como nada foi roubado, mudou a direção das investigações para vingança ou acerto de contas. O filho Marcos contou que o pai vinha cobrando de forma insistente um caminhoneiro que lhe comprara um cavalo. "Ele pagou R$ 200,00 e ficou devendo R$ 400,00." Celso, o outro filho, disse que há um mês, Silva disparou uma espingarda para o alto a fim de assustar um intruso que estava à noite no jardim da casa do presidente. "Meu pai era sossegado, não tinha desavença com ninguém." Silva estava separado da mulher havia 15 anos. O filho mais velho mora com a mãe. O corpo foi liberado no início da tarde para o velório, que será realizado em Ibiúna. O delegado Dias espera a chegada do laudo para confirmar o calibre da arma usada pelo agressor. "Provavelmente é um revólver calibre 38." Ele disse que o inquérito será conduzido pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), de São Paulo, por tratar-se de um caso de muita repercussão.

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