Polícia investiga suposto 'leilão' de adolescentes em AL

PUBLICIDADE

Por RICARDO RODRIGUES

Nove meses depois do escândalo sexual envolvendo padres e coroinhas em Arapiraca, outro caso de pedofilia envolvendo adolescentes é denunciado em Alagoas: o chamado "leilão de virgindade". O caso está sendo investigado pela delegacia de polícia do município de União dos Palmares, a 80 quilômetros de Maceió. Na semana passada foram presas duas mulheres acusadas de recrutar garotas de 10 a 16 anos para os "leilões" em um bar da zona rural do município, próximo a uma rodovia. As duas suspeitas foram soltas por ordem do juiz Ygor Vieira, da Justiça estadual. A decisão do magistrado deixou em pânico uma das supostas vítimas. Em entrevista à TV Pajuçara, da Rede Record, uma das garotas que teriam sido recrutadas pelas detidas afirmou que teme pela sua integridade física, já que elas seriam "perigosas"."Eu vou morrer. Essas meninas, as promotoras da festa, são ''o cão'' e elas conhecem muita gente ruim. Eu sou uma coitada", afirmou a adolescente, na entrevista. Disse ainda que outras colegas também teriam participado das festas no Bar do Queijo. O dono do estabelecimento, Nelson Tenório, nega as acusações e diz que seu bar é "familiar".No entanto, uma festa só não aconteceu no bar, na quinta-feira passada, porque foi cancelada pela Polícia Militar (PM) depois de uma denúncia do Conselho Tutelar. Quando chegaram ao bar, os agentes encontraram duas adolescentes com bebida alcoólica e à espera dos clientes. Os PMs prenderam em flagrante as duas organizadoras da festa, que agora respondem em liberdade por rufianismo, ou exploração sexual de vulneráveis. A polícia investiga também a participação de autoridades - juízes, advogados, fazendeiros e políticos - nas festas. Apesar de se dizer ameaçada de morte, a adolescente denuncia a participação de "pessoas influentes" nos eventos, onde ocorreriam os "leilões de virgens". Ela contou também que tinha conhecimento dos objetivos das festas."Eu sabia que ia ser uma farra grande, porque nesse bar nada é proibido, todo mundo pode ficar com todo mundo. A farra ia ser boa. Iriam muitos homens bonitos, até o filho do prefeito morto e um advogado. A gente ia beber, dançar e no final da festa, cada um sairia com quem quisesse", revelou a adolescente, em entrevista à TV Pajuçara.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.