Mais dois homens foram presos sob a suspeita de envolvimento com o assassinato do casal Felipe Silva Caffé, de 19 anos, e Liana Friedenbach, de 16, estudantes do Colégio São Luis. São caseiros de sítios da região de Embu-Guaçu e Juquitiba. A polícia descobriu que um deles guardou a espingarda usada para matar Felipe e outro providenciou comida para o grupo. Os investigadores, no entanto, ainda não têm certeza de que ambos tenham participado diretamente das mortes como é o caso do adolescente R.A.A.C., de 16 anos, o Champinha, do caseiro Aguinaldo Pires, de 41, e do pintor Paulo Cesar da Silva Marques, de 32, o Pernambuco, único foragido. A polícia suspeita que Pernambuco, após as primeiras reportagens sobre o crime, tenha viajado a Pernambuco, Estado em que nasceu. Com o depoimento dos caseiros e de Aguinaldo, a polícia conseguiu traçar um retrato mais próximo do que aconteceu com o casal. Sabe-se que às 11 horas de 1º de novembro, um sábado, Champinha e Pernambuco passaram pela barraca dos estudantes no Sítio do Lé, em Juquitiba e pensaram no roubo. Pernambuco que mora no Parque Arariba, na zona sul de São Paulo, passeava pela mata com o adolescente atrás de caça - procurava tatus com uma espingarda calibre 28 com um só cartucho. No meio da tarde, encontraram Aguinaldo, caseiro de um sítio na região. Convidaram-no a participar do roubo. Os três voltaram ao acampamento dos estudantes às 18 horas. Dominaram os dois e, como eles tinham pouco dinheiro, obrigaram-nos a caminhar quase 3 quilômetros até a casa de três cômodos da Fazenda Boa Esperança, um imóvel abandonado há mais de um ano. À noite, conversando com as vítimas, descobriram que os pais de Liana tinham dinheiro e souberam que os de Felipe não poderiam pagar. Decidiram, então, matá-lo e ficar com Liana para exigir resgate. Às 8 horas de domingo, os três mandaram o casal acompanhá-los pela mata. Andaram 2 quilômetros. Felipe ia na frente, seguido por Pernambuco, que portava a espingarda, e Champinha. Mais atrás iam Liana e Aguinaldo. Caminharam pela mata até a ribanceira, onde, sem nenhum aviso, Pernambuco atirou na nuca de Felipe. Liana só ouviu o tiro. Por volta das 18 horas, Antônio, um caseiro que vivia no imóvel abandonado da fazenda, chegou. Ele perguntou quem era a estudante e lhe disseram que se tratava de uma namorada de Champinha. O caseiro chegou a levar comida (peixes) para Liana e os três. No cativeiro, a menina tremia e chorava baixo. Quase não falou, exceto as duas vezes em que perguntou aos bandidos o que havia ocorrido com Felipe. Bêbados, os criminosos não sabiam como pedir resgate e ficaram com medo da mobilização da polícia, que procurava o casal na região. Decidiram, por isso, matar Liana. Obrigaram-na a andar quase 3 quilômetros pela mata até o riacho onde a executaram. Pernambuco desferiu o primeiro golpe com uma faca, degolando a jovem. Depois, ele passou a faca para o adolescente, que golpeou-a mais 14 vezes no rosto, peito e costas. Eles mataram a jovem a facadas porque não tinham mais cartuchos para a espingarda.
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