Atualizada às 21h21
SALVADOR - A população de Amargosa, a 235 km de Salvador, organizou um grande protesto pelas ruas do centro da cidade nesta quinta-feira, 17, para cobrar justiça, após a morte de bebê de 1 ano, Maria Vitória Souza Santos, atingida na cabeça por um tiro, dentro de casa.
Segundo a polícia, um suspeito em fuga teria entrado na casa da vítima anteontem à noite e um tiro teria sido disparado por um dos policiais. A bala atingiu a cabeça da menina, que estava no colo de um familiar. O acontecimento causou revolta popular no município, entre a noite e a madrugada. Grupos de pessoas encapuzadas depredaram e incendiaram parte da delegacia e atearam fogo a 49 veículos que estavam nas ruas próximas.
Com a confusão, 16 detidos que estavam na carceragem da unidade conseguiram escapar e as armas da delegacia foram furtadas. A delegada do município, Glória Isabel Ramos, um juiz e um promotor que atuam na cidade tiveram de se refugiar em um hotel. A situação só foi controlada com a chegada de cerca de 150 integrantes da PM de outras cidades e de integrantes do Batalhão de Choque. Nesta quinta-feira, as aulas nas escolas foram canceladas e parte do comércio não abriu. Até de noite, quatro detentos haviam sido recapturados e dois se entregaram.
Protesto e investigação. Entre a manhã e a tarde, antes do enterro da menina, cerca de 500 moradores, vestidos de preto em sinal de luto, levaram faixas e cartazes para protestar contra a atuação policial no caso. Um pequeno confronto entre manifestantes e policiais chegou a ser registrado. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que os dois policiais envolvidos na operação, que não tiveram os nomes divulgados, foram afastados das funções.
Os parentes da vítima se reuniram no fórum da cidade com o secretário da Segurança, Maurício Barbosa, o comandante-geral da PM, Alfredo de Castro, e o delegado-geral da Polícia Civil, Hélio Jorge Paixão. A prefeita, Karina Silva (PSDB), teve garantia de policiamento até que a ordem seja restabelecida e uma delegacia volte a funcionar. É esperada hoje a presença na cidade do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
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