Uma negociação entre Brasil e Portugal acabou com a definição por trazer o coração embalsamado de Dom Pedro I (conhecido como Dom Pedro IV na Europa) para as comemorações do bicentenário da Independência, em setembro. A autorização foi dada nesta quarta-feira, 22, por Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto.
"Em fevereiro deste ano tive a honra de receber o diplomata português que está encarregado das comemorações do bicentenário da Independência do Brasil, o embaixador Francisco Ribeiro Telles. E aprovamos o Estado brasileiro em receber, temporariamente, é claro, o coração de Dom Pedro IV", disse.
Os restos mortais de Dom Pedro I, exceto o coração, foram transferidos para São Paulo e sepultados no Monumento à Independência, no Ipiranga, zona sul, em 1972.
Moreira informou que pediu para que uma perícia fosse feita e avaliasse as condições dessa "relíquia de 187 anos" e o sinal verde foi dado para a viagem, mas com a exigência de que fosse feita em transporte pressurizado. "Queremos que o vaso seja selado e pedimos um conjunto de garantias, com compromisso entre os países irmãos", explicou.
O receio dos portugueses era de que a viagem pudesse danificar o coração que está conservado em formol, mas o Instituto de Medicina Legal deu o aval. "Agora meu gabinete vai acertar as datas com o Palácio do Itamaraty e eu mesmo irei acompanhar. O transporte será feito pela Força Aérea Brasileira", avisou.
Moreira aproveitou a ocasião para contar a história do coração. "O rei Dom Pedro IV, horas antes de morrer em 24 de setembro de 1834, no Palácio de Queluz onde nascera, chamou para junto de si a Imperatriz Dona Amélia, a quem manifestou o desejo de que seu coração fosse entregue à cidade do Porto como prova de reconhecimento pelos devotados sacrifícios que os portugueses haviam feito. Ficou decidido que este importante tesouro da cidade ficaria depositado na Capela Mor da Igreja da Lapa, em um sarcófago protegido por cinco chaves", disse.
Dom Pedro I nasceu em 1798, em Queluz, mas se mudou em 1808 para o Brasil junto com a família real lusitana. Em 1822, ele declarou a independência do Brasil e se tornou o primeiro imperador do País. Em 1831, ele abdicou do trono em favor do seu filho, Pedro II, e retornou para Portugal, onde morreu três anos depois.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.