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Praias de SP têm alta de afogamentos: ‘Veio onda forte, ele afundou e sumiu’. Como evitar acidentes?

Salvamentos sobem 21% em São Paulo e 60% no litoral fluminense. Ondas de calor levam mais visitantes às praias e aumenta risco de problemas; governos dizem reforçam equipes de resgate

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Foto do author José Maria Tomazela
Atualização:

As praias de São Paulo e do Rio viram alta expressiva no número de afogamentos ao longo deste ano. De janeiro a 21 de novembro, foram atendidos 2.238 casos de pessoas se afogando no mar no litoral paulista, ante 1.847 no mesmo período do ano passado (alta de 21%). No Estado do Rio, o salto é ainda mais expressivo: os guarda-vidas fizeram 24 mil salvamentos no mar este ano, ante 15 mil no mesmo período de 2022 (mais 60%).

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As seguidas ondas de calor, que têm levado mais gente às praias antes da alta temporada, contribuem para aumentar o total de acidentes, segundo equipes de salvamentos. Além disso, nos últimos anos, a presença de moradores de outras cidades, que migraram total ou parcialmente para trabalhar em home office, deixam o litoral mais cheio. O desrespeito a placas de sinalização pelos banhistas também aumenta o risco de tragédias.

Com a previsão de um verão mais quente pelo El Niño, autoridades alertam e ampliam os times de resgate. Em alguns casos, os próprios comerciantes locais se mobilizam para reforçar essa estrutura.

Bombeiros patrulham praia em Ubatuba, no Litoral Norte paulista Foto: GBMar/Divulgação

Só entre 17 e 19 de novembro, os agentes fizeram 70 salvamentos, atuando com 21 embarcações no litoral paulista. Dois morreram. Na ação mais dramática, foi necessário apoio de um helicóptero da Polícia Militar para resgatar oito turistas arrastados pela corrente na Praia de Enseada, no Guarujá.

Em 17 de setembro, um turista de 18 anos, morador da Grande São Paulo, morreu afogado quando se banhava na isolada Prainha Branca, no extremo norte de Guarujá. Não havia guarda-vidas no local.

Jovem morreu afogado na Prainha Branca, no litoral paulista, em setembro Foto: Marcelo Chello/Estadão

O comerciante Valclei Lemos entrou na água para tentar salvá-lo, mas não teve sucesso. “Outro morador já tinha tentado chegar com uma prancha, mas não conseguiu. Fui até lá, mas veio onda forte e me jogou para trás. Ele afundou e sumiu”, disse ele, ainda abalado pelo episódio.

Segundo a mulher de Lemos, Tatiane Lins, a situação é dramática. “Meu marido e meus filhos tiram de cinco a dez pessoas por dia da água. Não é caso isolado. A prainha está sempre cheia, não é só na temporada”, relata. Eles são donos de um restaurante no local, que tem acesso só por trilha. O casal e três vizinhos comerciantes se juntaram para pagar um guarda-vidas particular. “É morador daqui, já foi guarda-vidas e estava desempregado. Pagamos diária para ele ficar na praia das 7 às 18 horas.”

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O GBMar de Guarujá disse que os banhistas devem buscar praias que tenham guarda-vidas e que a Prainha receberá agentes neste verão. “Os riscos existentes nas praias são sinalizados com a bandeira de ‘perigo’ e mais de 90% das mortes por afogamento acontecem nesses locais”, disse a corporação. O Corpo de Bombeiros informou que os reforços contratados pelo Estado e pelas prefeituras foram dimensionados para suprir a maior demanda do litoral durante o verão.

SP reforça equipes de resgate este ano Foto: GBMar/Divulgação

Estado e prefeituras estão contratando cerca de 1,3 mil guarda-vidas. O governo estadual já preencheu 310 vagas e tem outras 600 em contratação temporária, por cinco meses (remuneração de R$ 1.850).

Praia Grande tem o maior reforço: 100 agentes do Estado e 45 da prefeitura. Guarujá terá 50 pelo Estado e 50 pelo município. Nessa quinta-feira, 23, houve a formatura dos guardas contratados pela prefeitura de Guarujá (salário de R$ 2,5 mil por 44 horas semanais até 28 de fevereiro).

As quatro cidades do Litoral Norte – São Sebastião, Ilhabela, Caraguatatuba e Ubatuba – recebem 252 novos guardas (112 enviados pelo Estado). No dia 13, os bombeiros recolheram o corpo de um adolescente de 14 anos que havia desaparecido no mar na Praia do Prumirim, em Ubatuba. Dois homens que estavam com ele foram resgatados por barqueiros, mas o jovem submergiu.

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As represas Billings e Guarapiranga, que ficam na capital e São muito procuradas pelos paulistanos, terão 50 profissionais.

Dicas para evitar o risco de afogamento no mar:

  • Nade sempre perto de um guarda-vidas. Pergunte o melhor lugar para o banho de mar
  • Obedeça à sinalização de perigo; observe se há bandeira vermelha
  • Não superestime sua capacidade de nadar. Ideal é que a água não ultrapasse a altura do umbigo
  • Tenha atenção redobrada com as crianças
  • Nade longe das pedras, estacas ou píeres. Evite nado noturno
  • Certifique-se de que não há valas onde entrará na água
  • Evite ingerir bebida alcoólica antes do banho de mar
  • Cuidado ao tentar salvar alguém. Peça ajuda ao guarda-vidas
  • Afaste-se de animais marinhos, como águas-vivas
  • Se for arrastado, não nade contra a corrente. Mantenha a calma, tente boiar e peça ajuda fazendo sinais com o braço

Rio antecipa Operação Verão

O aumento de ocorrências e a forte onda de calor que atinge o Rio levaram o Corpo de Bombeiros Militar do Estado a antecipar em um mês, para o começo de novembro, a Operação Verão 2023/24. A corporação não divulgou o número de mortes.

No dia 5, um domingo, três pessoas foram socorridas quando se afogavam na Praia de Ipanema, zona sul carioca. Duas pessoas foram retiradas da água, mas um adolescente de 16 anos, que fazia parte de uma excursão, sumiu. Os bombeiros usaram helicóptero e jet-ski nas buscas.

Naquele fim de semana, junto de um feriado prolongado, houve ressaca na região, com várias ondas fortes. Episódios de ondas fortes também foram registrados nas últimas semanas no litoral de São Paulo e de Santa Catarina.

Conforme o Corpo de Bombeiros, o efetivo de guarda-vidas que patrulham a orla foi ampliado em 20%, por meio do pagamento de Regime Adicional de Serviço. As operações marítimas serão ampliadas com 91 motos aquáticas adquiridas recentemente. Também será usado um drone que emite alertas sonoros para banhistas em situação de risco no mar, em pedras e costões.

Serão usados dois sonares com tecnologia para buscas aquáticas e foram investidos R$ 31 milhões em equipamentos, diz a corporação. Estão sendo compradas quatro embarcações de porte médio multimissão e 43 botes infláveis, além de garrafas térmicas e geladeiras para os postos de salva-vidas.

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