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Prédio desaba no Grande Recife e deixa 14 mortos: ‘Pulamos com os meninos nos braços’

Bombeiros e Defesa Civil encerraram as buscas na cidade de Paulista após 35 horas; edificação já estava condenada pelo governo estadual

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Foto do author Giovanna Castro
Por Giovanna Castro e Mônica Bernardes
Atualização:

Um prédio desabou na manhã desta sexta-feira, 7, no bairro do Janga, em Paulista, na região metropolitana do Recife, no Pernambuco. As buscas foram encerradas pela Defesa Civil na noite do último sábado, 9, após 35 horas de operação. O balanço total de vítimas fatais chegou a 14 óbitos, oito do sexo masculino e seis do feminino; outras sete pessoas que moravam na construção foram encontradas com vida; dois cães e dois gatos também foram resgatados do edifício.

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As vítimas fatais do desabamento são dois homens, de 45 e 40 anos; três mulheres, de 43, 40 e 37 anos; quatro jovens de 21, 19, 18 e 16 anos. Um adolescente de 12 anos e quatro crianças de 5, 6, 8 e 9 anos também não resistiram.

Três pessoas foram retiradas do local com vida e outros quatro moradores foram encontrados fora da edificação. Segunda a Defesa Civil de Pernambuco, os agentes também retiraram dois cachorros e dois gatos presos em outra parte do prédio, que não desabou.

Bombeiros fazem buscas para encontrar desaparecidos Foto: Reprodução/Redes sociais

Segundo a Defesa Civil do Pernambuco, o primeiro pedido de socorro foi feito às 6h35, logo após o desabamento do prédio, que fica na Rua Dr. Luiz Inácio de Andrade Lima. O coronel Robson Roberto, do Corpo de Bombeiros, afirmou que há cerca de 90 pessoas envolvidas na operação de resgate, sendo 50 bombeiros e 40 voluntários da Defesa Civil e moradores do entorno.

“Temos duas frentes de trabalho e algumas vítimas responsivas. Ou seja, a partir do estímulo que o bombeiro coloca a vítima está respondendo. Os cães indicaram onde estão outras possíveis vítimas”, detalhou o comandante.

Quatro pessoas que moravam na edificação foram localizadas com vida fora do local. Ainda segundo o Corpo de Bombeiros, a edificação – que já havia sido condenada pela Defesa Civil do Município - era composta por dois blocos. Um desabou totalmente e outro parcialmente.

O prédio havia sido interditado pela primeira vez em 2010 por apresentar problemas estruturais. Em 2012, porém, a maior parte dos apartamentos voltou a ser ocupado. Em 2018, houve nova interdição, mas outra vez as unidades foram ocupadas por quem não tinha casa.

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Há três anos o motorista de aplicativo, Gustavo Bezerra foi morar no prédio com a mulher e dois filhos pequenos. Ele conseguiu retirar a família inteira do apartamento graças à agilidade dele e da mulher, Daniele. Quando a escada desabou, o casal colocou as crianças nos braços e fugiu por um buraco que se abriu entre os pavimentos.

“A gente morava no 3º andar e sentimos um estrondo forte. Acordamos no susto. Na mesma hora, pegamos as crianças a abrimos a porta. Foi assustador. Estava tudo caindo”, relata ela. “Meu marido olhou para mim e disse: ‘vamos conseguir!’ E pulamos com os meninos nos braços no buraco que apareceu quando a parte de cima da escada afundou. Quando chegamos na parte de baixo algumas pessoas que estavam já do lado de fora ajudaram a gente a sair. Só Deus sabe como conseguimos”, contou ela, mãe de Laura (2 anos), Miguel (6) e Giovana (10), que tiveram arranhões leves.

O garçom Eduardo Garcia, de 22 anos, estava chegava em casa quando o desabamento havia acabado de ocorrer. “Eu estava morando com uma amiga há dois meses. Cheguei do interior e não tinha onde ficar e, por isso, ela me ofereceu dividir o apartamento”, diz ele.

“Só entendi o que tinha acontecido quando vi os escombros, a nuvem de poeira. Não sobrou nada. A única coisa que me alivia é que ela conseguiu sair e está bem. Ficou com alguns ferimentos nos braços e nas pernas, mas já conversamos. É muito triste ver as famílias chorando porque perderam não só suas casas, mas gente que amam”, lamentou.

No Twitter, moradores da região postaram um vídeo do momento em que o prédio cai.

A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), se pronunciou dizendo que o Estado prestará todo o apoio necessário.

O deputado federal por Pernambuco e ex-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Carlos Veras (PT) se pronunciou dizendo que “é necessário encarar com seriedade o déficit habitacional, a ausência de assistência social e a falta de fiscalização nas áreas de risco”.

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