Em depoimento na Câmara dos Deputados nesta terça-feira, 29, o presidente da Voepass, José Luís Felício Filho, afirmou que a aeronave que caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, no dia 9 de agosto, matando 62 pessoas, havia passado por manutenção na noite anterior e estava plenamente operacional.
Uma das hipóteses investigadas pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), do Comando da Aeronáutica, é o acúmulo de gelo em partes do avião. O sistema de gravação de voz, um dos dispositivos da “caixa-preta”, registrou o comandante relatando, ainda durante a subida, uma falha no dispositivo que retira a camada de gelo formada nas asas da aeronave.
“Às vezes, em um voo de 1h40, você entra e sai de formações de gelo várias vezes ao longo do percurso. O sistema pode ter sido ligado e desligado várias vezes, mas isso tudo o Cenipa vai poder nos trazer, de uma forma precisa, qual foi a intensidade do gelo, o funcionamento do sistema, o alerta da tripulação”, disse o presidente da Voepass.
O avião modelo ATR-72 fazia a rota de Cascavel (PR) a Guarulhos (SP). Morreram quatro tripulantes e 58 passageiros no acidente. O ATR-72 é um turboélice comercial de médio porte com 14 anos de uso. A aeronave é conhecida no mercado por ser confiável, segura e tecnológica, e conforme a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e a Voepass, estava com a manutenção em dia.
De acordo com Felício Filho, o avião tinha combustível suficiente para voar de Cascavel até Guarulhos a 10 mil pés, ou seja, voando mais baixo e gastando mais combustível para evitar formações de gelo. Ele também assegurou que os pilotos eram treinados para lidar com condições adversas, incluindo gelo.
“Eu voo nessa companhia desde o início, minha família voa, meus filhos estão se formando para serem pilotos dessa companhia. O que não serve para mim e para minha família, não serve para nossos tripulantes e muito menos para os nossos passageiros”, acrescentou.
Aeronave viajava de Cascavel a Guarulhos
O avião, de matrícula PS-VPB, caiu no interior de São Paulo durante o trajeto que fazia de Cascavel, no Paraná, até Guarulhos. Os peritos do Cenipa trabalham para descobrir as causas da queda desde o dia do acidente. De lá pra cá, passos importantes foram dados para a construção do relatório que, como afirma a FAB, não tem o objetivo de apontar culpados ou responsabilizar pessoas, mas de investigar o caso tecnicamente de modo a prevenir novas ocorrências semelhantes.
Entre os avanços na investigação está a recuperação intacta das caixas-pretas (que são os gravadores de voz da cabine) e do gravador de dados do voo (Flight Data Recorder). Segundo o Cenipa já havia divulgado anteriormente, os dispositivos, feitos para resistirem aos acidentes, conseguiram gravar com sucesso as conversas entre pilotos, tripulação e torre de controle, além de dados como velocidade do avião, altitude do voo e condições climáticas.
O relatório final, que vai apresentar as conclusões das investigações, não tem uma data definida para ser apresentado e pode demorar mais um de ano. A Força Aérea Brasileira diz que pretende terminar as apurações dentro “do menor prazo possível”, mas respeitando a complexidade do caso. “Quando concluído, o Relatório Final será publicado no site do Cenipa”, diz a FAB. / COM AGÊNCIA CÂMARA
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.