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‘Preto, viado e petista’: servidora federal é afastada após denúncia de racismo e homofobia

Diretoria da estatal federal Indústria Nucleares do Brasil (INB) afastou gerente de comunicação institucional após declarações racistas e homofóbicas denunciadas por servidores da empresa

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Foto do author André Borges
Atualização:

BRASÍLIA - A diretoria da estatal federal Indústria Nucleares do Brasil (INB) afastou, por tempo indeterminado, a gerente de Comunicação Institucional da empresa, Cláudia Maria Rangel, após analisar as denúncias graves de racismo feitas por servidores contra a funcionária. A medida estava em análise pela empresa e acabou por ser confirmada.

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“A INB informa que, após os fatos terem sido inicialmente analisados pela Comissão de Ética da empresa, foram tomadas outras providências, incluindo-se o afastamento da empregada do cargo e da empresa” declarou a INB. “Foi aberta também uma sindicância para dar prosseguimento às apurações e nortear outras possíveis medidas cabíveis.”

Conforme mostrou o Estadão em reportagem publicada em 29 de setembro, as denúncias se referem a um episódio ocorrido na base da empresa, localizada em Resende (RJ). O caso ocorreu em 13 de setembro, quando Cláudia Rangel tomou conhecimento de que um novo servidor convocado para fazer parte de sua equipe de comunicação. Ele foi aprovado em 2018 em concurso público para cadastro de reserva e fazia parte da lista do regime de cotas. Por lei, a INB deve ter, ao menos, 20% de suas contratações dedicadas a pessoas pretas e pardas.

Em declarações feitas à Polícia Civil, os servidores relataram outro comentário feito por Cláudia Rangel a respeito do novo funcionário: “além de preto e viado, só falta ser petista essa p...” Foto: Divulgação

Cláudia Rangel ficou indignada ao saber da convocação, conforme relatos de funcionários da área de Recursos Humanos da empresa que presenciaram suas declarações. Quando foi comunicada de que a pessoa selecionada, que à época do concurso se inscrevera como mulher, havia alterado seu nome civil para o sexo masculino, por se reconhecer hoje como transgênero, se revoltou.

O Estadão teve acesso ao áudio da conversa de Cláudia Rangel com outro funcionário, no qual ela comenta o assunto. “Inclusão é o c..., passar na frente do outros? É p...”, disse Cláudia Rangel. “Um monte de babaca, um monte de politicamente correto, vai pra p..., eles. Na hora que vieram me dar a notícia, ‘primeiro transgênero da INB’. Eu falei ‘me f...’. Todo mundo vibrando. Vai pra p.... Vai pra tua área então, c... Eu que tenho que ficar entubando essas p...? Eu, hein. Eu já te falei. E, por fim, deve ser petista. Deve, não, com certeza é petista. Vem de Lula lá, que vai levar é porrada”, afirmou.

Fábrica da INB em Rezende (RJ), onde são produzidas as pastilhas de urânio usadas pelas usinas nucleares de Angra 1 e 2 Foto: Divul

Em declarações feitas à Polícia Civil, os servidores relataram outro comentário feito por Cláudia Rangel a respeito do novo funcionário: “além de preto e viado, só falta ser petista essa p...”

Após as declarações, funcionários registraram queixas na Polícia Civil e na Corregedoria e à Comissão de Ética da INB, empresa especializada na produção de combustíveis de urânio. Cláudia Rangel não comenta o assunto, sob alegação de que o caso está sendo tratado pela empresa.

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Segundo a estatal, “os processos de admissão de concursados ocorreram normalmente, conforme estabelecido no edital do concurso, e o candidato já assumiu o cargo nesta segunda-feira (03/10). A INB reforça que sempre primou pelo atendimento da legislação relativa às cotas raciais”.

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