Projeto de Taubaté une cidadania e preservação

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Por Bruna Rosa
Atualização:

A dona de casa Neide Silveira, de Taubaté, no Vale do Paraíba, participa do Observatório Sócio Ambiental, projeto destinado a ensinar à comunidade sobre cidadania e sobre a importância de se cuidar do meio ambiente. Ela e outras mães produzem sabão aromático, usando o óleo de cozinha. Com isso, geram recursos. Neide, por exemplo, usa o dinheiro que ganha com as vendas do sabão para pagar uma babá que cuida de seu filho à noite para, assim, ela poder fazer um curso de padaria, com planos de ser profissional na área.''Além de fazer várias amizades, aprendo como cuidar melhor do planeta e posso ter uma profissão. Me animo a cada sábado. Esse projeto está mudando o meu futuro'', conta Neide. Tudo isso graças ao Observatório Sócio Ambiental, realizado como um projeto de extensão universitária pela Universidade de Taubaté, que ajuda mães moradoras do bairro Parque Três Marias a transformar óleo de cozinha em sabão e sabonetes de vários aromas. Criado em 2005, inicialmente para suprir a necessidade de estágio para os alunos do curso de Serviço Social, se transformou num projeto amplo, que agora dá apoio a toda a comunidade.Todo sábado, o universitário Pedro Honorato de Souza participa do trabalho e cuida das crianças enquanto as mães realizam as atividades. As crianças assistem a vídeos educativos e desenhos animados e participam de brincadeiras sobre a necessidade de se cuidar do meio ambiente. ''Ajudar uma comunidade carente a aprender o que é ensinado na sala de aula é uma satisfação e orgulho'', afirma Pedro. A atividade é realizada no bairro desde 2007 e hoje atende 38 crianças e 22 mães com trabalhos que muitas vezes se estendem por toda a tarde de sábado. ''É muito prazeroso trazer o conhecimento para essas mães e ensiná-las a cuidar do meio ambiente, pois muitas delas não sabem a importância e a ligação disso com a qualidade de vida. É preciso ensinar a todos o que é cidadania'', ressalta a professora de Ciências Ambientais e coordenadora do projeto, Maria Lúcia Firmino, que conta com seis alunos participantes.Desde o início do ano, as ações têm visado à tecnologia social, por meio da produção do sabão ecológico aromático, buscando a formação de uma cooperativa para as mães, já que muitas delas vendem o sabão produzido nas aulas. Em 2007, o projeto foi premiado com menção honrosa no Encontro de Águas e Florestas e, em 2007, 2008 e 2009, homenageado pelas ações junto à comunidade. Muita gente não sabe, mas o óleo vegetal entope tubulações nas redes de esgoto, aumentando em 45% os custos de tratamento. O óleo de cozinha é altamente poluente, principalmente quando entra em contato com a água, pois diminui a oxigenação dos rios.O gerente do Sindicato das Padarias (Sindipan), Antônio Rodrigues, explica a importância do reuso do óleo, que não deve ser jogado, por exemplo, no ralo da pia. Ele conta que as padarias de São Paulo estão recolhendo óleo de cozinha de moradores. Cerca de 2 mil padarias participam: ''É fundamental a população incentivar esse tipo de ação. ''Para Elisângela Arruda, estudante que participa das atividades, todo sábado é uma terapia. ''Sinto-me muito bem em ver a alegria das mães em aprender algo novo'', afirma. Inscrita no projeto, Fátima Oliveira tem quatro filhos e participa desde o início. Enquanto ela aprende a fazer o sabão, seus filhos ficam em atividades recreativas sobre meio ambiente. ''Quando saiu a primeira forma de sabão, senti um orgulho enorme de mim'' conta Fátima. *Bruna Aparecida Neves Rosa é aluna da Universidade de Taubaté

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