O delegado afastado da Polícia Federal Protógenes Queiroz tornou-se réu nesta segunda-feira em um processo que investiga o vazamento de informações da Operação Satiagraha. Protógenes e o escrivão Amadeu Ranieri responderão pelos crimes de violação de sigilo funcional e fraude processual após decisão do juiz Ali Mazloum, da 7a Vara Criminal da Justiça Federal de São Paulo, que atendeu a denúncia feita pelo Ministério Público Federal. No entendimento dos procuradores da República de São Paulo, os réus cometeram os crimes quando passaram informações e imagens da Operação Satiagraha para a TV Globo. A Satiagraha apurou supostos crimes financeiros cometidos pelo banco Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas, que chegou a ser preso quando a operação foi deflagrada em julho do ano passado. Na mesma ocasião, o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta e o investidor Naji Nahas também foram detidos e posteriormente soltos. Na denúncia apresentada no início deste mês contra Protógenes, os procuradores afirmaram que o primeiro vazamento ocorreu quando o delegado afastado convidou um produtor da Rede Globo para gravar vídeos de encontros em São Paulo durante uma ação controlada judicialmente. Num desses vídeos, foram registradas as imagens de dois emissários de Dantas supostamente oferecendo suborno a delegados da Polícia Federal que atuavam no caso. Segundo o MPF, houve fraude processual durante o tratamento dado pela PF à fita contendo essas imagens, que teriam sido editadas por Ranieri para suprimir trechos em que apareciam um produtor e um cinegrafista da Globo. Na decisão desta sexta-feira, o juiz Ali Mazloum também critica a participação de agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na Satiagraha. "É possível afirmar, com inabalável segurança, que também a Lei 9.883 não autoriza a participação da Abin em investigação policial", assinalou o magistrado, que deu um prazo de 10 dias para que os réus apresentem resposta à acusação. (Reportagem de André Guilherme Delgado)
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.
