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Psicólogo relata atendimento a familiares e funcionários da Voepass: ‘Estavam anestesiados’

Aeronave com 58 passageiros e quatro tripulantes caiu em uma área residencial no interior de São Paulo; ninguém sobreviveu

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Por Fábio Donegá

“Eles estavam praticamente anestesiados, não acreditavam no que estava acontecendo.” Foi assim que psicólogo Roberto Schneider definiu o quadro dos funcionários da Voepass de Cascavel que ele atendeu na sexta-feira, 9, momentos após a confirmação de que o avião da companhia com destino a Guarulhos tinha caído em Vinhedo, no interior de São Paulo, matando todas as 62 pessoas que estavam a bordo (58 passageiros e quatro tripulantes).

Schneider é um dos psicólogos clínicos contratados pela Voepass para prestar atendimento tanto aos funcionários da empresa como aos familiares das vítimas. “Os familiares estavam extremamente abalados, um desastre aéreo mexe muito com a sociedade, e não poderia ser diferente”, contou Schneider.

Aeronave com 58 passageiros e quatro tripulantes caiu em uma área residencial de Vinhedo, no interior de São Paulo. Foto: Andre Penner/AP

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O atendimento às famílias avançou a madrugada deste sábado, 10, e ocorreu em um hotel em Cascavel para onde foram encaminhados os parentes das vítimas. No local, também foi coletado material genético, enviado para São Paulo para ajudar na identificação dos corpos.

“Um evento com essa magnitude, com essa proporção, acaba mexendo com o psicológico e o emocional de todos”, disse Schneider. “Nosso trabalho foi o acolhimento, uma escuta ativa.”

A queda do avião da Voepass é o acidente aéreo em solo brasileiro com mais vítimas desde 2007, quando uma tragédia com uma aeronave da TAM deixou 199 mortos.

A companhia aérea Voepass (antiga Passaredo) incluiu neste sábado, 10, o nome de uma 58.ª vítima, que estava fora da lista oficial por uma questão técnica “referente às validações de check-in, validação do boarding e contagem de passageiros embarcados”.

A causa ainda será investigada pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), ligado à Força Aérea Brasileira (FAB). As duas caixas-pretas do avião foram encontradas e o piloto não havia comunicado emergência aos órgãos de controle, conforme a FAB.

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A Voepass diz que a aeronave, do tipo ATR, estava em boa condição e havia passado por manutenção. O modelo, considerado seguro, é bastante usado na aviação comercial em viagens curtas.

Especialistas acreditam que as condições climáticas podem ter contribuído para o desastre. Imagens da mostram a aeronave cair em giro vertical, posição chamada de “parafuso chato” no meio da aviação. Esse é o principal indicativo de que o acidente ocorreu devido a uma perda de sustentação, o “estol”. A perda de sustentação pode estar associada à formação de gelo nas asas da aeronave.

A identificação dos mortos será feita no Instituto Médico-Legal (IML) Central, na capital paulista. Os corpos ainda estão sendo retirados da aeronave, em um trabalho que se estende desde a madrugada. Entre as vítimas, havia médicos que viajavam para um congresso de oncologia em São Paulo, empresários que voltavam de um evento de construção civil no Paraná, professores de uma universidades pública local, passageiros que iriam visitar parentes.

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