PT decide se expulsa deputados antiaborto

Luiz Bassuma e Henrique Afonso passaram por Comissão de Ética da sigla

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O PT decide hoje se expulsa de seus quadros dois deputados declaradamente contrários ao aborto. Luiz Bassuma (BA) e Henrique Afonso (AC) estão sob avaliação na Comissão de Ética petista, por contrariarem abertamente o posicionamento definido durante o 3º Congresso da sigla, organizado em 2007. Na ocasião, o partido aprovou uma resolução em que se posiciona favoravelmente à descriminalização do aborto.O relatório da Comissão de Ética petista só será submetido hoje aos 81 membros do Diretório Nacional. O Estado apurou que o texto recomenda a expulsão de Bassuma, sob o argumento de que o parlamentar é agressivo ao tratar do tema e demonstra intolerância em relação a quem se posiciona a favor do aborto. No caso de Afonso, entretanto, a orientação é de uma punição bem mais branda. A expectativa é de que seja pedida uma crítica interna, livrando o deputado de qualquer tipo de advertência pública. Pastor da Igreja Presbiteriana Brasileira, Afonso é descrito por petistas como "mais equilibrado" no tratamento da questão. A polêmica sobre a possível expulsão dos dois parlamentares mobilizou vários setores do PT. Dirigentes da legenda no Acre e na Bahia telefonaram nos últimos dias a membros da cúpula partidária, pedindo que não optem pela expulsão. Além disso, a direção petista já se prepara para enfrentar protestos em frente à sede nacional da sigla, em Brasília, onde ocorrerá a reunião do Diretório. Depois de ser informada de que alguns grupos planejam manifestações, a legenda achou melhor reforçar a segurança no local. O presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), pretende se posicionar contra a expulsão dos dois deputados na reunião de hoje. "O Diretório vai analisar. Mas eu sou a favor de que isso seja resolvido sem expulsão, apenas com uma advertência para que eles mudem seu comportamento", afirma o dirigente petista. Bassuma, entretanto, promete reafirmar ao comando partidário sua posição e diz não aceitar nenhum tipo de "punição intermediária". "O PT vai ter de escolher se me absolve ou se me expulsa. Eu sou reincidente e vou continuar reincidente", afirma o deputado, que é espírita. "Eles dizem que sou radical demais. Mas não tem meia vida, meio aborto. Então, eu não aceito meia punição", completa. Afonso também deve dar trabalho ao comando petista. Apesar da expectativa de que a Comissão de Ética recomende uma punição mais branda, o parlamentar defende que ele e seu colega de partido recebam o mesmo tratamento. "Eu não consigo enxergar argumentos para que haja uma punição diferenciada", afirma Afonso. "Num assunto como este, que está relacionado à vida, o PT não pode simplesmente determinar que se trata de uma questão fechada. O PT virou um grande partido justamente por dar espaço à pluralidade."

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