Um policial brasileiro ganha, em média, R$ 9.503,42 brutos, de acordo com novo levantamento divulgado nesta terça-feira, 27, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O dado leva em conta a renda dos policiais militares, civis e peritos dos Estados. O valor varia amplamente entre as carreiras, patentes e Estados brasileiros, como mostra a pesquisa.
Entre os soldados das polícias militares, por exemplo, a média de remuneração bruta é de R$ 6,3 mil. Mas em Goiás, o valor chega a R$ 10 mil, enquanto no Rio Grande do Norte o valor é de R$ 4 mil. Em São Paulo, o salário para a patente mais baixa é de R$ 6,3 mil.
No topo da carreira dos oficiais, o salário bruto médio dos coronéis é de R$ 29 mil. No Rio, o valor médio chega a R$ 37,5 mil, o mais alto do País, enquanto no Ceará o salário é de R$ 24 mil, o mais baixo. Em São Paulo, o número fica em R$ 28,5 mil.
- A pesquisa também apontou a remuneração da Polícia Civil, que em média paga R$ 11,7 mil brutos aos investigadores e R$ 26,6 mil aos delegados. No caso dos investigadores, a remuneração média no Amazonas é a mais alta do Brasil, com um valor que chega a R$ 21 mil. A mais baixa é a do Ceará, com R$ 8,9 mil.
Quanto ao cargo de delegado, a média é mais alta em Alagoas (R$ 35,9 mil) e mais baixa no Paraná (R$ 24,3 mil).
A média geral de R$ 9,5 mil é quase o dobro do restante do funcionalismo – cerca de R$ 5 mil –, sendo que as folhas de ativos e inativos da Segurança Pública respondem por 23% do total de gastos dos Estados com pessoal.
- O salário médio dos inativos é ainda maior: R$ 11 mil ante R$ 6 mil para as demais carreiras do funcionalismo. E 33 mil dos 739 mil policiais e guardas do País (5,4%) receberam salários acima do teto do funcionalismo em 2023 (R$ 39.293).
Há pouco espaço fiscal para se reverter o quadro. “O modelo de segurança pública inviabiliza por completo qualquer ideia de aumento de efetivos em razão dos custos fiscais e previdenciários e acaba sendo perverso com os próprios policiais ao gerar distorções dentro das carreiras, com desvios de função demasiados, retirando homens da atividade fim”, disse Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
“O sistema custa caro e é ineficiente, o que faz a população ser cada vez mais refém da insegurança e do medo”, acrescentou.
Entidade de PM vê falta de valorização; secretaria de SP destaca reajuste
O soldado Marco Prisco, presidente da Federação Nacional dos Praças (Anaspra), entidade que representa policiais e bombeiros militares, reclama de falta de valorização da categoria. “O efetivo tem diminuído drasticamente, isso é fato”, afirma ele, que também vê a questão salarial como “horrível”.
Entre os problemas, segundo Prisco, estão falta de plano de carreira, baixas expectativas, alto número de homicídios e até de suicídios.
A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, que tem o maior efetivo do País, promete concursos ao longo da gestão, tanto para a Polícia Civil quanto para a militar, com o objetivo de reduzir o déficit nas categorias.
O governo ainda ressalta o “reajuste salarial médio de 20,2%, acima da inflação de 4,65% no acumulado segundo IPCA, considerado um feito inédito para um primeiro ano de gestão entre as administrações paulistas mais recentes”. / COLABOROU CAIO POSSATI
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