Quase três anos após massacre de Alcaçuz, Polícia do RN indicia 74 presos
Detentos deverão responder pela morte de 27 pessoas no interior da penitenciária em janeiro de 2017. A polícia também decidiu indiciar 132 presos pelos crimes de falso testemunho no decorrer da investigação
SÃO PAULO - A Polícia Civil do Rio Grande do Norte anunciou nesta sexta-feira, 29, que indiciou 74 presos por envolvimento no massacre que aconteceu no presídio de Alcaçuz, na Grande Natal, em janeiro de 2017. Os indiciados poderão responder pelos homicídios de 27 detentos e pelos crimes de associação criminosa, motim e dano ao patrimônio público. A polícia também decidiu indiciar 132 presos pelos crimes de falso testemunho no decorrer da investigação.
A massacre de Alcaçuz ocorreu no contexto de crescentes ondas de violência em presídios brasileiros em janeiro de 2017. Naquele mês, 56 foram assassinados no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, e 33 foram mortos na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista. No Rio Grande do Norte, o massacre foi sucedido por uma rebelião que se estendeu por cerca de 10 dias, onde presos se envolviam em batalhas campais no local. O controle só foi retomado com a intervenção de uma força federal de agentes penitenciários.
Detentos fazem batalha campal na Penitenciária de Alcaçuz, no RN
1 / 13Detentos fazem batalha campal na Penitenciária de Alcaçuz, no RN
Guerra entre facções em Nísia Floresta
Detentos usaram plástico, madeira e outros objetos paramontar barricadas e atacar presos de facções rivais Foto: Andressa Anholete/AFP
Guerra entre facções em Nísia Floresta
Os detentos usaram vários objetos e improvisaram lanças e armas Foto: Josemar Gonçalves/Reuters
Guerra entre facções em Nísia Floresta
Do lado de fora da penitenciária, policiaisfizeram disparos com balas de borracha e lançaram bombas de efeito moralpara tentar impedir a aproximação d... Foto: Andressa Anholete/AFPMais
Guerra entre facções em Nísia Floresta
Policiais militares reagiram e fizeram disparos com armas não letais para tentar conter o confronto entre os presos Foto: Marco Antônio Carvalho/Estadão
Briga entre facções em Nísia Floresta
As primeiras informações indicam que presos do Primeiro Comando da Capitalavançam sobre detentos do Sindicato do Crime RN Foto: Andressa Anholete/AFP
Guerra entre facções em Nísia Floresta
PM atirou várias bombas de efeito moral para tentar conter o confronto Foto: Josemar Gonçalves/Reuters
Guerra entre facções em Nísia Floresta
Uma grande quantidade de tiros pôde ser ouvida na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta, na região metropolitana de Natal Foto: Andressa Anholete/AFP
Guerra entre facções em Nísia Floresta
Alguns dos detentos colocaram camisetas na cabeça para esconder o rosto Foto: Josemar Gonçalves/Reuters
Guerra entre facções em Nísia Floresta
Desde o massacre, a Penitenciária Estadual de Alcaçuz está tomada pelos detentos, que caminham livremente no pátio - as celas foram destruídas Foto: Josemar Gonçalves/Reuters
Guerra entre facções em Nísia Floresta
A Penitenciária Estadual de Alcaçuz é a maior do Rio Grande do Norte Foto: Josemar Gonçalves/Reuters
Guerra entre facções em Nísia Floresta
Detentos hastearam bandeiras durante a batalha campal na Penitenciária de Alcaçuz Foto: Marco Antônio Carvalho/Estadão
Guerra entre facções em Nísia Floresta
Na tentativa de evitar fugas, a Força Nacional realiza rondas em volta de Alcaçuz Foto: Andressa Anholete/AFP
Guerra entre facções em Nísia Floresta
Este confronto aconteceu seis dias após o fim do massacre na penitenciária que terminou com 26 mortos Foto: Josemar Gonçalves/Reuters
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Após a investigação da Polícia Civil, 74 presos foram indiciados pelos crimes de homicídio consumado, associação criminosa, motim e dano ao patrimônio. Um destes presos também foi indiciado pelo crime de homicídio tentado. Outros três presos foram indiciados pelo crime de destruição e vilipêndio de cadáver.
“Durante as nossas investigações realizamos quase 500 oitivas. Nossas equipes de policiais civis ouviram 400 presos, 19 familiares, 24 agentes penitenciários e 23 policiais militares. Diante da complexidade daquele cenário criminoso e do estado dos corpos, tivemos que solicitar a realização de diversos exames periciais entre eles: exames necroscópicos, necropapiloscópicos e DNA, além de entrevista com familiares, culminando com o uso da antropologia forense que veio a identificar as vitimas”, declarou o delegado Marcos Vinicius, da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), de acordo com nota divulgada pela Polícia Civil.
O inquérito do massacre no Compaj, em Manaus, foi concluído em setembro de 2017 e o caso atualmente tramita na Justiça. A Polícia Civil do Amazonas concluiu o inquérito com indiciamento de 210 presos por envolvimento nas mortes. A conclusão do inquérito é de que as mortes resultaram de uma rixa entre facções. Não há informações sobre o andamento da investigação do massacre que aconteceu em Roraima.