Quem é o sérvio suspeito de ligação com o PCC absolvido pela Justiça brasileira

Zarko Pilipovic deixou penitenciária em Brasília após ser preso acusado de embarcar 172 quilos de cocaína em um navio cargueiro; defesa diz que alvará de soltura foi emitido por falta de provas

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Foto do author José Maria Tomazela
Atualização:

A Justiça Federal concedeu alvará de soltura para o sérvio Zarko Pilipovic, que havia sido preso pela Polícia Federal sob a acusação de tráfico de drogas. O estrangeiro deixou a Penitenciária Federal de Brasília, no Distrito Federal, na manhã desta terça-feira, 22.

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Segundo a defesa, o alvará foi expedido pela 6.ª Vara Federal de Santos, no litoral de São Paulo, após uma sentença de absolvição por falta de provas no processo movido contra ele. “Ele saiu pela porta da frente”, disse o advogado Eugenio Malavasi, defensor do sérvio.

O Ministério Público Federal (MPF) aguarda a publicação da sentença, dada na última sexta-feira, 18, para entrar com recurso. O processo tramita em segredo de justiça decretado pela Justiça Federal.

O sérvio Zarko Pilipovic foi extraditado da Bolívia para o Brasil. Foto: Ministerio de Gobierno de Bolivia

Pilipovic foi preso em 2015, em operação da Polícia Federal, acusado de ter embarcado 172 quilos de cocaína em um navio cargueiro. Ele teria levado a droga até o navio em um barco inflável. Segundo a PF, o entorpecente teria sido içado a bordo por tripulantes do navio, que tinha como destino a Espanha, na Europa. A Polícia Federal usou cães farejadores para localizar a droga no interior do navio. Outros dois sérvios foram presos com Pilipovic.

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Na ocasião, a Polícia Federal estabeleceu sua conexão com o ‘Clã dos Balcãs’, organização criminosa sérvia que tem ligações com o Primeiro Comanda da Capital (PCC). As operações entre as duas organizações envolviam carregamentos de cocaína enviados para a Europa a partir do Porto de Santos.

Alta periculosidade

Em março de 2020, o Tribunal Regional Federal da 3.ª Região indeferiu um pedido de habeas corpus para soltar Pilipovic alegando que a grande quantidade de entorpecente apreendida revelava sua alta periculosidade e recomendava que fosse mantido segregado, “como forma de acautelar a ordem pública”. Mais tarde, durante as investigações, Zarko foi beneficiado com um habeas corpus e teria fugido para a Bolívia.

Em abril deste ano, Zarko Pilipovic foi preso em San Rafael de Velasco, na Bolívia, em uma região considerada como rota de escoamento de cocaína. Na ocasião, ele tentou se passar por outra pessoa utilizando uma identidade falsa. O sérvio foi entregue à Polícia Federal brasileira na fronteira com Corumbá, em Mato Grosso do Sul.

Pilipovic foi preso em San Rafael de Velasco, na Bolívia, e entregue à Polícia Federal brasileira. Foto: Ministerio de Gobierno de Bolivia

Um mandado de prisão contra ele havia sido expedido no dia 1.º de abril pela justiça brasileira. Após a prisão, o sérvio foi transferido para a penitenciária de Brasília, considerada uma das mais seguras do País.

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Sem provas

De acordo com o advogado, a sentença considerou que não foi provada qualquer ligação de Zarko Pilipovic com os 172 quilos de cocaína apreendidos no navio. “Todas as imputações feitas a ele, de ter levado a droga ao navio, tudo foi derrubado durante a instrução probatória. Não havia qualquer resquício de cocaína no barco. Ele e as outras duas pessoas estavam realmente pescando”, disse.

Malavasi negou também suposta ligação do seu cliente com o PCC e a máfia sérvia. “Ele é um pai de família, casado com uma brasileira e pai de três filhos. Não tem ligação nenhuma com o PCC. Essas imputações não são verdadeiras. Ele foi absolvido por sentença”, afirmou.

A reportagem entrou em contato com a Polícia Federal e aguarda retorno.

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