Por que Gramado teve rachaduras e desabamento de prédios?

Promotor local demandou novos mapeamentos de área de risco e Crea disse realizar inspeções. Fendas têm forçado evacuações de moradores

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Por Luciano Nagel
Atualização:

Após o surgimento de fendas no solo, rachaduras e até o desabamento de um prédio, o Ministério Público vai demandar que a prefeitura de Gramado realize novos mapeamentos geológicos na região para identificar áreas de risco no município da serra gaúcha. Os problemas estruturais no condomínio que desabou já vinham sendo registrados havia cinco anos.

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‘’Essas movimentações de massa (referindo-se as rachaduras no solo), revelam a necessidade urgente de ampliação das áreas de mapeamento, porque apareceram na cidade outras regiões que não estavam no mapeamento de 2015, e que necessitam de novos levantamentos, novos estudos para ampliação dessas zonas de risco’', disse o promotor Max Guazzelli, que investiga o caso.

A sugestão do promotor é que esses estudos geológicos devam ser feitos a cada três anos. Ele ressaltou ainda que em 2015 foi ajuizada uma ação civil pública contra o município de Gramado para que os órgãos responsáveis mapeassem as áreas de risco de deslizamentos de terra.

Prédio desabou nesta quinta-feira em Gramado, no Rio Grande do Sul Foto: Bruno Stolz / Prefeitura de Gramado

A prefeitura, na época, providenciou esse mapeamento junto ao Serviço Geológico do Brasil. Foram mapeadas dez áreas da zona urbana de Gramado que tinham alto risco de desabamentos. O bairro Três Pinheiros, onde houve o desabamento, não constava no registro.

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A prefeitura de Gramado disse em uma rede social que segue atuando para “conter os danos causados pelas fortes chuvas dos últimos dias”. “Defesa civil, equipes técnicas do município e bombeiros seguem em campo monitorando as áreas de risco e ajudando no isolamento. Geólogos e outros técnicos estão prestando assessoramento para direcionar as ações de mitigação, salvamento e resgate, caso seja necessário. Já o Corpo de Bombeiros coordena o Sistema de Comando de Incidente.”

Sobre o prédio que desabou, a prefeitura tinha informado na manhã desta quinta-feira que “a instabilidade do solo segue, e o episódio do colapso é apenas uma das situações de risco”. “Portanto, o local onde estava o prédio e o bairro Três Pinheiros seguem isolados.”

Prédio que desabou já tinha avarias

O condomínio residencial Condado Ana Carolina, situado no bairro Três Pinheiros, que desabou por inteiro no início da manhã desta quinta-feira, 23, já tinha problemas estruturais havia pelo menos cinco anos.

‘’Houve todo um reforço na estrutura devido a estes problemas. As vigas metálicas estavam todas tortas. Na verdade, o prédio tinha problemas aparentemente construtivos e algumas vigas de concreto também já haviam quebrado’', comentou.

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Conforme o promotor, o Ministério Público pedirá à Justiça uma nova audiência com o prefeito Nestor Tissot para que se faça um novo acordo para mapear novas áreas de risco. “Acredito que isso levará ainda alguns meses, e a prefeitura terá total interesse nisso, pois a situação é dramática’', finalizou.

Inspeção

O condomínio já havia sido inspecionado por fiscais do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Sul (CREA-RS) em 2020 e 2021, após uma denúncia chegar à instituição.

Na ocasião, conforme a presidente do Conselho, a engenheira ambiental Nanci Walter, ‘’os técnicos atestaram rachaduras nas edificações e recomendaram aos órgãos competentes um estudo geotécnico mais aprofundado do solo da região, reforçando de forma geral, uma análise minuciosa das fundações empregadas na obra, não somente nos pilares do prédio, mas em toda a infraestrutura de sustentação”. “Essa recomendação foi feita, mas nunca obtivemos retorno das autoridades’', lamentou a engenheira.

Nanci Walter também ressaltou a importância de os municípios gaúchos aderirem a implementação da Lei de Inspeção Predial, que garante o controle das inspeções preventivas e corretivas das edificações, necessárias à segurança de quem habita ou frequenta os locais.

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Quais são os efeitos das fendas e rachaduras em Gramado?

  • Bairro Altos da Viação Férrea: três casas interditadas na quarta-feira, 22, na Travessa Locomotiva, devido ao risco de queda de barreira.
  • Bairro Prinstrop: uma residência foi interditada na quarta-feira, 22.
  • Bairro Três Pinheiros: todas as residências interditadas no domingo, 19, devido ao risco de deslizamento de terras.
  • Bairro Piratini, na Rua Nelson Dinnebier: 23 residências interditadas devido a rachaduras e deslizamento de terras, além de três veículos soterrados com perda total no sábado, 18.
  • ERS-115: Uma residência interditada junto a antiga Famastil no sábado, 18, devido ao risco de deslizamento de terras.
  • Rua Ladeira da Azaleias, no bairro Planalto: Interdição de todas as edificações da rua a partir do número 444. O Condomínio Residencial Ana Carolina e o Condomínio Residencial Don Felipe foram evacuados no sábado, 18, devido ao risco de deslizamento de terras.
  • Rua Alameda das Rosas, no bairro Planalto: Duas residências interditadas na terça, 21.
  • Linha Caboclo, na Rua Moreira: Cinco residências interditadas na terça-feira, 21, devido a rachaduras nas casas e risco de queda de barreira.
  • Linha Marcondes baixa: Dois óbitos causados por soterramento no sábado, 18.
  • Número total de pessoas fora de suas residências: cerca de 200 pessoas.
  • Número de pessoas em abrigos montados pela prefeitura de Gramado: 20 abrigados no Pavilhão da Escola Senador Salgado Filho, no bairro Piratini, e 30 no Pavilhão da Escola do bairro Altos da Viação Férrea.
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