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Ex-marido é preso suspeito de mandar matar filha de deputado em Mato Grosso

Raquel Cattani foi assassinada com 30 facadas em Nova Mutum; reportagem tenta contato com a defesa dos suspeitos.

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Foto do author José Maria Tomazela
Atualização:

A polícia prendeu o ex-marido da filha do deputado estadual Gilberto Cattani (PL), a empresária Raquel Cattani, de 26 anos, que foi assassinada com 30 facadas no dia 18, em Nova Mutum (MT). Romero Xavier é suspeito de ser o mandante do crime, executado por seu irmão, Rodrigo Xavier, que também está preso.

Na casa de Rodrigo, foram encontrados perfumes femininos e objetos que pertenciam à vítima. A polícia apurou que Romero não aceitava o fim da relação com a ex-mulher. A reportagem tenta contato com a defesa dos suspeitos.

A empresária Raquel Cattani, morta a tiros nesta sexta-feira, 19 Foto: Reprodução/@raquel_cattani via Facebook

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Conforme a Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso, Romero teria tramado o feminicídio e levado o irmão de carro até a propriedade rural de Raquel. Após invadir o local e assassinar a jovem de forma brutal, Rodrigo teria simulado um cenário de assalto para atrapalhar a investigação.

As suspeitas recaíram sobre o ex-marido depois que testemunhas relataram o comportamento possessivo e ciumento dele em relação a Raquel. Já o suposto executor do crime tinha passagens por furtos e outros crimes.

A Polícia Civil aguarda os resultados de análises moleculares de vestígios encontrados no corpo de Raquel. O exame do Instituto Médico-Legal (IML) apontou que o corpo apresentava mais de 30 lesões produzidas provavelmente por arma branca.

Perfumes femininos roubados da vítima estavam na casa do autor do crime; defesa dos suspeitos não foi localizada Foto: Polícia Civil de Mato Grosso/Divulgação

Um dos quartos da casa foi arrombado e a motocicleta da vítima foi levada. Um televisor foi deixado do lado de fora da casa, segundo a polícia - tudo seria parte da simulação de um roubo. Impressões digitais coletadas no televisor e marcas do calçado do suspeito estão sendo analisadas pela perícia.

150 pessoas ouvidas

Conforme a secretaria, a Polícia Civil foi acionada na manhã do dia 19 e uma equipe se deslocou para o assentamento Pontal do Marape, a 150 km de Nova Mutum, onde a vítima residia e trabalhava como produtora rural.

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“Analisamos todas as imagens do comércio da vila, das cidades vizinhas, como São José do Rio Claro e Tapurah, e entrevistamos mais de 150 pessoas”, contou o delegado Guilherme Pompeo, responsável pela investigação.

A porta do quarto, arrombada de forma ostensiva, e o televisor fora da casa chamaram a atenção do delegado. “Questionamos porque alguém tentaria levar uma televisão em uma motocicleta. A evidência sugeriu que o televisor foi deixado fora da casa com o intuito de complicar a investigação”, disse.

Com a desconfiança de que a cena do suposto roubo foi armada, o foco passou a ser o ex-marido. Um dos pontos investigados foi que Romero, antes do término da relação, se mantinha distante de Rodrigo, seu irmão.

Após o fim do casamento, ambos passaram a se encontrar e trocar mensagens. Quando a polícia tentou contato com Rodrigo, ele se esquivou, alegando que estava morando em uma fazenda. Em seguida, atualizou sua rede social como sendo morador de Cuiabá.

Na quarta-feira, 24, os policiais foram à casa de Rodrigo, em Lucas do Rio Verde (MT), e encontraram frascos de perfume feminino, um aparelho de som, um porta-celular e uma faca, objetos pertencentes à vítima.

Os agentes constataram que a bota que ele usava tinha solado semelhante às marcas encontradas na casa da vítima. Rodrigo confessou o assassinato de Raquel e acabou envolvendo o irmão.

A bota que Rodrigo usava tem solado compatível com marcas no local do crime. Foto: Polícia Civil de Mato Grosso/Divulgação

Churrascos e boates

Segundo o delegado, Romero se encontrou com Rodrigo em Lucas do Rio Verde, na manhã do dia 18, e levou o irmão em seu carro para Nova Mutum, deixando-o escondido nas proximidades do sítio de Raquel. Ao longo do dia, ele almoçou com o ex-sogro e levou os dois filhos do casal para Tapurah, a fim de criar um álibi e afastá-los do local do crime planejado.

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À tarde, o suspeito fez um churrasco com pessoas com as quais não tinha muita convivência e, à noite, foi a três boates para “reforçar o álibi de que estaria na cidade e, assim, não seria considerado suspeito”, segundo o policial. No velório de Raquel, o suspeito de ter planejado o assassinato chorou ao lado do pai da vítima.

O ex-marido conhecia a rotina de Raquel e teria orientado o irmão a esperar sua chegada em casa, por volta das 20 horas. A mulher foi surpreendida e atacada com uma faca, morrendo no local. O executor fugiu com a moto e o celular da vítima, que foram jogados em um rio da região. A Polícia Civil vai solicitar buscas no local ao Corpo de Bombeiros.

Repercussão

O produtor rural Gilberto Cattani, pai de Raquel, está na segunda legislatura como deputado estadual. Em 2021, assumiu uma cadeira como suplente, após a morte do titular. Em 2022, Cattani foi o sexto deputado mais votado no Estado, com 44.705 votos.

Após a morte da filha do parlamentar, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso pediu ao governo estadual a adoção das medidas necessárias para a elucidar o crime. O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União), determinou atuação imediata das forças de segurança para desvendar o caso. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, lamentou a morte nas redes sociais.

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