CAMPO GRANDE, BRASÍLIA E RIO - Um dos chefes do narcotráfico na fronteira do Brasil com o Paraguai foi morto em um confronto com mais de 200 disparos, na noite de anteontem. O brasileiro Jorge Rafaat Toumani, de 55 anos, foi atingido por tiros de metralhadora e armas capazes de abater aviões. Especialistas apontam que o Primeiro Comando da Capital (PCC) pode estar por trás do crime.
O ataque aconteceu na cidade de Pedro Juan Caballero, vizinha de Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul. Rafaat estava em seu carro blindado, escoltado por outros dois veículos, quando o tiroteio teve início. A blindagem foi perfurada por mais de 200 tiros de metralhadora antiaérea, armamento de uso exclusivo das Forças Armadas.
O confronto com perseguição se estendeu por 2,5 quilômetros e durou cerca de 30 minutos. A polícia paraguaia prendeu sete envolvidos no confronto e apreendeu um arsenal composto por armas de grosso calibre, coletes balísticos e centenas de munições. Atualmente, a Força Nacional atua em Ponta Porã em apoio às ações de combate aos crimes fronteiriços.
Em 2014, Jorge Rafaat foi condenado pela Justiça brasileira a 47 anos de prisão e pagamento de multa de mais de R$ 400 mil, por tráfico de drogas e contrabando. Porém, desfrutava de notoriedade no Paraguai, onde tinha uma empresa de segurança privada e era conhecido como “Rei da Fronteira”.
A pena pelo crime foi estipulada pelo juiz federal Odilon de Oliveira, que ontem reforçou a suspeita de autoria do atentado por homens do PCC. “Acredito que seja ligação do PCC porque o Rafaat sempre foi o rival deles no Paraguai, sem precedentes. Eles já haviam tentado matá-lo esses tempos”, sustentou o magistrado, referindo-se a outro atentado contra o traficante, em março deste ano, também na região de fronteira.
Alerta. A morte de Rafaat deve servir de alerta para as autoridades brasileiras, afirmou ontem o secretário de Segurança do Estado do Rio, José Mariano Beltrame. Para ele, a morte do criminoso e a possível tomada de controle pelo PCC do tráfico no Paraguai “vai mexer com o futuro da criminalidade no Brasil”.
Beltrame atuou em investigações da quadrilha de Rafaat na fronteira quando era delegado da Polícia Federal. De acordo com o secretário, caso se confirme a participação do PCC no atentado, a facção criminosa passaria a atuar da produção à distribuição de drogas e armas no País. “Se isso acontecer, teremos do lado paraguaio brasileiros fornecendo, trazendo para São Paulo e dali distribuindo armas e drogas para o País."
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