Ministros da Defesa dos nove países latinoamericanos com tropas na operação de paz da ONU no Haiti se reúnem nesta terça-feira na capital Porto Príncipe para avaliar os resultados da missão de paz no país e sua continuidade nos próximos anos. O secretário-geral da organização, Ban Ki-Moon apresenta em setembro ao Conselho de Segurança uma proposta para estender a missão por mais um ano com o mesmo efetivo atual, de cerca de 7 mil homens de 18 países. No relatório, ele também afirma que é preciso um prazo de quatro anos para garantir a estabilidade necessária à reconstrução do país. O governo brasileiro apóia a renovação do mandato, mas não vai participar da votação porque no momento o país não ocupa uma cadeira rotativa no Conselho. O Brasil também defende a permanência das tropas pelo tempo que a ONU julgar necessário. A missão de estabilização da ONU, comandada pelo Brasil, está no Haiti desde junho de 2004, e já teve o mandato renovado várias vezes pelo Conselho de Segurança, com diferentes prazos. O batalhão brasileiro tem 1.200 homens, entre militares, policiais e tropas de engenharia, para ajudar na reconstrução da infra-estrutura do local, com obras como asfaltamento de ruas e reconstrução de casas destruídas nas guerras das gangues. O governo brasileiro também tem vários acordos de cooperação com o Haiti nas áreas de saúde, educação e revitalização do Judiciário. O chefe da Divisão de México, América Central e Caribe do Itamaraty, ministro Igor Kipman, avalia como "excelentes" os resultados da missão até agora. Ele diz que a reunião dos ministros latino-americanos nesta terça-feira não deve resultar em nenhuma decisão, mas apenas avaliar a situação do país. "É uma reunião de troca de idéias, não de decisões", afirmou. O ministro Nelson Jobim viajou a Porto Príncipe no domingo e fica até quarta-feira. Na segunda-feira, ele visita Cité Soleil, uma imensa favela onde vivem 250 mil pessoas e que já foi dominada por gangues. Desde março, o local está totalmente diferente, de acordo com o coronel Carlos Jorge da Costa, oficial de comunicação social do Batalhão Haiti, que reúne os 1.200 homens da tropa brasileira. "Em junho, julho e agosto não tivemos um único assassinato em Cité Soleil e o número de seqüestros é baixíssimo", diz o coronel. "Agora entramos lá em veículos leves e fazemos o patrulhamento a pé", afirma. Até fevereiro, os militares só entravam no local em veículos blindados. De acordo com o coronel, outra favela que no início da missão tinha criminalidade elevada, Bel Air, agora passou a ser considerada "zona amarela" pelas Nações Unidas - área onde é possível transitar, mesmo que com cuidados especiais de segurança. O ministro Jobim visita também na segunda-feira as instalações militares das tropas brasileiras e ainda uma colônia de férias para crianças haitianas, implantada por brasileiros com professores haitianos, e acompanha o que os militares brasileiros chamam de ação cívico-social, com a distribuição de água e alimentos aos haitianos. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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