Acidentes na Sapucaí reabrem discussão sobre segurança

Especialistas defendem estabelecimento de parâmetros para redução de tamanho dos carros; diretor diz haver cuidado

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O Bloco das Poderosas, da cantora Anita, pela segunda vez desfilando no carnaval 2017 pelo centro da cidade do Rio de Janeiro na manhã deste sábado (04) Foto: FABIO MOTTA/ESTADÃO

Os acidentes com três carros alegóricos na Sapucaí neste ano reabriram um debate de muitos carnavais: as alegorias, cada vez mais robustas e com mais gente em cima, são seguras para os componentes e o público do sambódromo? Especialistas nos desfiles defendem que sejam estabelecidos parâmetros para reduzir os tamanhos dos carros. O regulamento diz que eles podem ter largura de até 8,5 metros fixos ou 10 desmontáveis. A passarela do samba tem 13 metros do setor ímpar ao par. No caso do carro da Unidos da Tijuca, cuja estrutura central desabou, possivelmente por excesso de peso, ferindo 12 pessoas, a falta de espaço dificultou o trabalho dos bombeiros para a retirada dos integrantes. O manual nada fala sobre a carga máxima permitida. Os carros alegóricos fazem parte dos desfiles desde seu início, há mais de 80 anos. Na década de 1970, eles começaram a se agigantar. Considerado um visionário, o carnavalesco Joãosinho 30 foi um dos responsáveis por esse processo. Campeão seis vezes seguidas entre 1973 e 1978, ele acabou seguido por seus pares. Com a transferência dos desfiles para a Marquês de Sapucaí, de arquibancadas altas e afastadas da pista, o avanço vertical e horizontal dos carros foi um recurso para continuar impressionando a plateia.

Testes.Na Sapucaí desde sua inauguração, o diretor de carnaval da Imperatriz, Wagner Araújo, diz que a segurança melhorou. “Fazemos testes no barracão com os componentes em cima, dançando, para simular as condições reais. Os carros só saem aprovados por engenheiros e bombeiros.” Observador dos desfiles desde os anos 1970, o coordenador do Centro de Referência do Carnaval da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Felipe Ferreira, é a favor de uma regra que imponha uma altura máxima. “O fato de os desfiles darem certo vai fazendo com que continuem aumentando, há uma acomodação”, avalia Ferreira, que critica a priorização dos carros em detrimento das alas das escolas. “Sou contra esse exagero de largura, comprimento e altura. Qual a necessidade disso? A manobra fica muito difícil no ‘joelho’ (entrada) da avenida, e já vimos vários acidentes”, afirma a escritora Rachel Valença, que já foi dirigente da Império Serrano. Ela relembrou as quedas de destaques em 1980, 1989 - que causou a morte de uma pessoa - e 2003.