RIO - Uma operação da Polícia Federal deixou cinco homens mortos, na manhã desta segunda-feira, 4, na Favela de Acari, zona norte do Rio. De acordo com a Superintendência da PF no Rio, todos as vítimas eram criminosos e morreram em decorrência de confronto com agentes. O caso está sendo investigado pela 39.ª Delegacia de Polícia (DP), na Pavuna, zona norte.
A PF informou que enviou uma equipe à favela na tentativa de cumprir um mandado de prisão contra um foragido, de 51 anos, condenado pela 2.ª Vara Federal Criminal a oito anos de cadeia por tráfico de drogas. A prisão não aconteceu, embora a casa do procurado tenha sido localizada na região. Os nomes do fugitivo e dos mortos não foram revelados.
A operação teve o apoio da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil, que empregou um carro blindado na operação. “A diligência aconteceu na Comunidade de Acari, área conflagrada. A perícia foi deslocada para o local e o material apreendido será encaminhado para a delegacia”, informou a PF em nota.
O delegado da 39.ª DP, Henrique Damasceno, interrogou os policiais da Core que participaram da ação. Segundo relatos dos policiais civis, assim que entraram na comunidade para prender o traficante, foram surpreendidos por tiros. Os policiais teriam reagido. No confronto, atingiram cinco homens que, segundo eles, estavam armados. Todos morreram no local, que foi periciado.
A Polícia Civil informou que foram apreendidos quatro pistolas, um fuzil com carregador alongado para 90 munições, uma granada e grande quantidade de droga.
Nas redes sociais, moradores da comunidade protestaram e pediram o apoio de organizações de direitos humanos. Os moradores também reclamaram que os policiais não deixaram os parentes se aproximar dos cadáveres.
Direitos Humanos. A Anistia Internacional no Brasil divulgou nota em que “exige, desde já, que as circunstâncias das mortes resultantes desta operação policial sejam imediatamente investigadas de forma ampla, imparcial e independente”. Segundo o órgão, a Favela de Acari tem histórico de violência policial descrito em relatório da entidade divulgado em agosto do ano passado.
O texto afirmou que mortes originalmente descritas como resultante de “confrontos” durante operações policiais na favela apresentavam indícios de execuções extrajudiciais. “Em alguns dos casos, isso significava que as vítimas não estavam armadas e não trocaram tiros com a polícia, ou que já estavam feridas ou rendidas quando foram mortas, contrariando a versão oficial declarada nos registros de ocorrência.”
O diretor executivo da Anistia Internacional, Atila Roque, afirmou que “é muito preocupante que o número de pessoas mortas em operações policiais no Rio venha subindo significativamente desde 2013”.
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