RIO - Um incêndio atingiu o Hospital Badim, na Rua São Francisco Xavier, no Maracanã, na zona norte do Rio de Janeiro, na noite desta quinta-feira, 12. O hospital informou que um curto-circuito no gerador do prédio 1 da unidade de saúde provocou o início das chamas, que espalharam fumaça para todos os andares do prédio antigo. O incêndio deixou 18 pessoas mortas.
Segundo o IML, a maioria das vítimas morreu por asfixia e não há corpos carbonizados. A identificação das vítimas foi feita no início da tarde desta sexta. A direção expressou "profundo pesar" e informou que 103 pacientes estavam internados no local no momento das chamas. Imediatamente, declarou a direção, a brigada de incêndio iniciou a evacuação do prédio, mesmo antes da chegada do Corpo de Bombeiros.
"Desde o primeiro momento a prioridade total foi socorrer os pacientes e funcionários e salvar vidas. Mais de 100 médicos foram mobilizados para dar assistência aos pacientes que estavam sendo socorridos", acrescentou a direção. "Face a esse fato trágico, a solidariedade dos hospitais privados e das Secretarias Estadual e Municipal de Saúde está garantindo que os pacientes sejam transferidos."
De acordo com a Defesa Civil do Rio de Janeiro, o incêndio começou pouco antes das 18 horas desta quinta. A missão de resgate às vítimas se prolongou por toda a noite, a madrugada e ainda acontecia as 5 horas da sexta. Até 70 militares chegaram a participar simultaneamente do resgate às vítimas. Ainda de acordo com a Defesa Civil, cerca de 70 pacientes, funcionários e visitantes do hospital foram removidos do local pelo Corpo de Bombeiros.
Segundo funcionários relataram à polícia, o incêndio teria começado em um prédio antigo onde funcionava o setor de laboratórios. Pacientes que estavam internados em áreas próximas tiveram de ser retirados às pressas.
O hospital informou que os pacientes do Centro de Terapia Intensiva (CTI) C foram retirados e receberam os primeiros atendimentos na Rua Arthur Menezes. Os bombeiros trabalharam na retirada dos pacientes do CTI 2.
"Toda a direção do Hospital Badim está empenhada em prestar os devidos socorros necessários aos pacientes, que estão sendo transferidos para o Hospital Israelita Albert Sabin e para os hospitais particulares da região. Informamos ainda que a brigada de incêndio do hospital agiu prontamente durante todo o processo."
"Meu irmão de 71 anos estava internado há mais de um mês na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), vítima de pneumonia", contou Maria Augusta Freitas. "Estava em casa e soube do incêndio pela TV, aí vim para cá", narrou. "Mas já faz mais de uma hora que cheguei e ninguém soube me informar nada", disse a mulher, que a cada paciente que passava de maca se exaltava na tentativa de se aproximar e identificar o irmão.
Ana Carolina, de 36 anos, chorava enquanto não conseguia informações sobre a mãe, de 71 anos. "Não consigo saber se ela está viva, estou desesperada", reclamou.
O clima de pânico diante da falta de informações era generalizado, enquanto guardas municipais tentavam manter o fluxo de ambulâncias que chegavam e saíam transportando pacientes.
A Rua Arthur Menezes foi interditada aos automóveis, mas permanecia lotada de pessoas, ao som de sirenes e gritaria. Garagens de casas e prédios vizinhos foram usados para receber os pacientes até que fossem levados de ambulância para os hospitais. Por volta das 20 horas, a rua ficou parcialmente sem luz.
Às 22 horas, o Corpo de Bombeiros informou que o fogo já estava extinto e trabalhava na realização de uma varredura e em atividades de rescaldo. A corporação disse que o local possui certificado de aprovação dos bombeiros, mas que "cabe aos responsáveis legais pelas edificações a manutenção dos dispositivos de segurança contra incêndio e pânico aprovados em projeto".
Sobre as causas do incêndio, esclareceu que essa apuração não cabe à corporação e deverá ser conduzida pela Polícia Civil.
Fumaça dificulta rescaldo, diz Corpo de Bombeiros
Pelo menos 12 viaturas foram enviadas ao local com homens de quatro quartéis dos bairros da Tijuca e Vila Isabel, ambos na zona norte; dez ambulâncias dos bombeiros atuaram na remoção das pessoas. O Corpo de Bombeiros destacou que não há focos de incêndio remanescentes, mas que a densa fumaça dificultou o trabalho de rescaldo.
"Novas remoções podem ser feitas ainda de acordo com avaliação médica caso a caso."
Às 22h30, ainda faltava transferir cinco pacientes em estado grave, cujos cuidados para a remoção são maiores. Três pacientes nessa situação, entubados, haviam sido socorridos até então.
O vice-governador do Rio, Cláudio Castro (PSC), não descartou a possibilidade de haver mais mortos.
"Estamos fazendo o trabalho de remoção, mas ainda não temos informações detalhadas", afirmou Castro.
O Hospital Badim, que faz parte do grupo Rede D’Or São Luiz, foi fundado há 19 anos. O complexo tem 15,7 mil m² de área construída, UTI, centro cirúrgico e uma equipe com mais de 60 médicos. Segundo o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, a unidade tem 183 leitos, 50 deles de UTI. Não foi informado quantos leitos estavam ocupados no momento do incêndio.
No início da madrugada desta sexta, o hospital se posicionou em nova nota sobre o caso. A direção expressou "profundo pesar" e informou que 103 pacientes estavam internados no local no momento do incêndio. Imediatamente, declarou a direção, a brigada de incêndio iniciou a evacuação do prédio, mesmo antes da chegada do Corpo de Bombeiros.
Em junho, hospital de SP pegou fogo após problema em ar-condicionado
Em 28 de junho, a cobertura do prédio do Hospital do Coração (HCor), no Paraíso, zona sul de São Paulo, também teve um incêndio. As chamas foram controladas rapidamente, mas parte dos pacientes teve de ser transferida para outra unidade do HCor e acompanhantes também precisaram deixar o edifício. Não houve vítimas.
As chamas atingiram resfriadores de ar-condicionado na cobertura do edifício. A própria brigada de incêndio do próprio hospital combateu o fogo./ COLABORARAM FABIANA CAMBRICOLI E MARCO ANTÔNIO CARVALHO
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