RIO - A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu nesta sexta-feira, 10, o traficante Alberto Ribeiro Sant'anna, conhecido como Cachorrão, de 35 anos. Segundo policiais, ele dividia a chefia do tráfico na Favela da Rocinha com Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157. A comunidade da zona sul do Rio vivencia tiroteios frequentes há dois meses, desde que comparsas do ex-chefe do tráfico de drogas Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, invadiram o morro para tirar Rogério 157 e seus comparsas do controle do comércio de drogas.
Nem está preso em uma penitenciária federal em Rondônia, de onde ordenou a invasão, segundo a polícia. Os três integravam a mesma facção criminosa, Amigo dos Amigos (ADA), mas Nem discordou de condutas de Rogério 157 e decidiu atacá-lo. Desde então, Rogério 157, Cachorrão e seus comparsas romperam com a ADA e passaram a integrar uma facção rival, o Comando Vermelho (CV).
Cachorrão foi preso em um prédio no Morro do Fogueteiro, em Santa Teresa, na região central do Rio, em uma operação de várias delegacias. Segundo o delegado William Pena Júnior, da 35ª DP (Campo Grande), um dos responsáveis pela prisão, o traficante estava em casa, deitado, e ao constatar a chegada dos policiais pegou a filha no colo e se entregou.
"Ele estava deitado, pegou a filha no colo e se rendeu. Estávamos com apoio aéreo, identificamos e reconhecemos o prédio. Sabíamos que ele bebia muito uísque, pela investigação da inteligência, e já no corredor encontramos muitas garrafas", contou.
Segundo a Polícia Civil, Cachorrão era o comandante intelectual do tráfico na Rocinha.
"Ele era o cérebro dessa organização criminosa, enquanto o Rogério é o braço armado, é quem aparece mais. Cachorrão era o articulador do evento que ocorreu na Rocinha. O Rogério, apesar de ser apontado como líder, dividia as funções", contou o delegado Felipe Curi, titular da Delegacia de Combate às Drogas (DCOD). "Cachorrão tinha visão mais estratégica de contabilidade e da parte financeira, era responsável pela aquisição de armas, drogas e munições na favela."
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Cachorrão foi segurança de Rogério 157 e subiu na hierarquia da quadrilha até dividir o comando do comércio de drogas na favela. Ele já foi condenado por roubo e tráfico de drogas e possui anotações criminais por associação ao tráfico, lesão corporal e dano ao patrimônio público, entre outras. Chegou a ser preso em 2009 e ganhou liberdade provisória em 2013. Agora, será indiciado por tentativa de homicídio, dano, disparo de arma de fogo e associação para o crime, entre outras acusações.
Segundo a polícia, esta foi a quarta tentativa recente de prender esse traficante. Ele morava na Mangueira, na zona norte, onde ocorreram as primeiras três operações para prendê-lo.
"A Mangueira é uma área mais difícil para entrar, mas conseguimos fazer com que ele fugisse de lá. No Fallet/Fogueteiro é mais tranquilo de entrar", contou Curi. Segundo ele, os policiais chegaram ao imóvel onde Cachorrão se escondia sem que eventuais informantes percebessem.
Intensos tiroteios assustam moradores da Rocinha, uma das maiores favelas do País
1 / 33Intensos tiroteios assustam moradores da Rocinha, uma das maiores favelas do País
Tensão na Rocinha
Guerra entre traficantes na comunidade da Rocinha em São Conrado, zona sul do Rio. Foto: Marcos Arcoverde
Tensão na Rocinha
Guerra entre traficantes na comunidade da Rocinha em São Conrado, zona sul do Rio Foto: Marcos Arcoverde
Tensão na Rocinha
Guerra entre traficantes na comunidade da Rocinha em São Conrado, zona sul do Rio Foto: Marcos Arcoverde
Tensão na Rocinha
Favela da Rocinha registra novos tiroteios na madrugada deste sábado, 23 Foto: Marcos Arcoverde / Estadão
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Pelo menos 5 criminosos são presos pelo Exército após confronto com a polícia Foto: Marcos Arcoverde/ Estadão
Tensão na Rocinha
Neste sábado, 23, as Forças Armadas realizam o segundo dia de ocupação na Favela da Rocinha; há uma semana, facções rivais iniciaram a disputada pelo ... Foto: Marcos Arcoverde/ EstadãoMais
Tensão na Rocinha
No quinto de operações da Polícia Militar na Favela da Rocinha, um intenso tiroteio assustou os moradores da comunidade Foto: Marcos Arcoverde/Estadão
Tensão na Rocinha
Soldados em operação na Rocinha. Foto: Leo Correa/AP
Tensão na Rocinha
Oficiais caminham na Rocinha enquanto homens bebem cerveja em um bar em dia violento no Rio. Foto: Leo Correa/AP
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Forças Armadas enviarma 950 soldados e fuzileiros - apoiados por 14 blindados e um helicóptero pesado. Foto: Marcelo Sayão/EFE
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Centenas de oficiais das Forças Armadas foram enviados para a favela. Foto: Leo Correa/AP
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Cidade do Rio de Janeiro tem 1.025 favelas. Rocinha é a mais famosa delas. Foto: Silvia Izquierdo/AP
Tensão na Rocinha
Confrontos entre traficantes e policiais fecharam a Autoestrada Lagoa-Barra, que passa pelos acessos da Rocinha e é a principal via de acesso entre a ... Foto: Wilton Júnior/EstadãoMais
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Pedestres se protegem da troca de tiros entre criminosos e policiais Foto: Gabriel Paiva/Agência O Globo
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Exército entrou na favela com armamento pesado e veículos blindados. Foto: Marcos Arcoverde/Estadão
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Exército chegou fortemente armado à maior favela do País. Foto: Marcos Arcoverde/Estadão
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Soldados do Exército, da Marinha e da Aeronáutica assumem posições no cerco da favela da Rocinha. Foto: Wilton Junior/Estadão
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Militar observa movimentação na favela da Rocinha. Foto: Wilton Junior/Estadão
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Cerca de 950 militares participam das ações no local. Foto: Wilton Junior/Estadão
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Moradores observam a operação policial Foto: Marcos Arcoverde/Estadão
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O clima é tenso entre os moradores da Rocinha Foto: Marcos Arcoverde/Estadão
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A Polícia Militar realiza uma grande operação na Rocinha, em busca do chefe do tráfico da região, Rogério Avelino, o Rogério 157 Foto: Wilton Júnior/Estadão
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Há policiais militares do Batalhão de Choque e do Batalhão de Operações Especiais (Bope) na região Foto: Wilton Júnior/Estadão
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Todos os acessos da Rocinha estão cercados pela polícia Foto: Marcos Arcoverde/Estadão
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Os colégios públicos e particulares que ficam na região fecharam Foto: Wilton Júnior/Estadão
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Os criminosos deram tiros a partir da área de mata acima do Túnel Zuzu Angel Foto: Marcos Arcoverde/Estadão
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O Centro de Operações de trânsito avisou que 'devido à operação policial' Foto: Wilton Júnior/Estadão
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Policial militar usa binóculos para observar a movimentação na Favela da Rocinha Foto: Marcos Arcoverde/Estadão
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As forças de segurança do Estado, incluindo o Batalhão de Operações Especiais (Bope) e o Batalhão de Choque da Polícia Militar (PM), estão avançando n... Foto: Wilton Júnior/EstadãoMais
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Os criminosos chegaram a jogar uma bomba contra policiais, mas o artefato não explodiu Foto: Wilton Júnior/Estadão
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O policiamento é reforçado na região da Rocinha e de São Conrado, na zona sul do Rio Foto: Wilton Júnior/Estadão
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'Não vamos recuar dentro da Rocinha', disse o governador Luiz Fernando Pezão Foto: Tânia Rego/Agência Brasil
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'Trinta mil são todo efetivo que o Comando Militar Leste tem. Oficialmente, podemos deslocar 10 mil homens', disse o ministro da Defesa, Raul Jungmann... Foto: Dida Sampaio/EstadãoMais
Histórico
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O lucrativo comércio de drogas da Rocinha é alvo de cobiça desde os anos 1980, quando começaram os embates sangrentos no morro. O último "dono" antes de Rogério 157 foi Nem, preso em 2011. Foi nessa época que Rogério ascendeu.
Quando houve a invasão da Rocinha por homens de Nem no dia 17 de setembro, o bando de Rogério fugiu, mas ainda manteve seu domínio, de acordo com moradores. Os bandidos vinham sendo procurados desde então em operações na própria Rocinha e em sua área de mata, e também em favelas de outras regiões do Rio.
O clima de tensão fez com que o governo do Rio pedisse ajuda às Forças Armadas. Equipes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica permaneceram uma semana na Rocinha e depois voltaram pontualmente. Também auxiliaram em buscas fora do morro.
Na manhã do dia 23 de outubro, com a favela ainda tensa, a turista espanhola Maria Esperanza Jimenez foi morta a tiros ao passar de carro, na saída de um passeio turístico, por um grupo de policiais militares que patrulhavam a Rocinha. O autor do disparo foi um oficial da PM, que pensou tratar-se de um automóvel com criminosos.