Rio tem segunda noite de desfiles

Apesar de a noite de domingo ter tido pelo menos quatro bons desfiles, ficou a sensação de que ainda não pintou a campeã; expectativa, portanto, é grande para hoje

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Foto do author Daniel Silveira

RIO - Depois de Portela e Viradouro despontarem como as melhores escolas na primeira noite de desfiles na Sapucaí, esta segunda-feira, 24, tem como destaque a Mocidade Independente de Padre Miguel, que vai homenagear a cantora Elza Soares. Criada na Vila Vintém, o “planeta fome” que também é o berço da escola da zona oeste do Rio, Elza deve desfilar sentada em um trono no alto de um carro alegórico. Ela tem 89 anos.

A banda da Guarda Municipal se apresenta momentos antes do desfile das escolas de samba no sambódromo da Marquês de Sapucaí, na noite desta segunda-feira, 24, no centro do Rio. Foto: Wilton Junior/ Estadão

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Cantado com todo o contorno dramático que caracteriza o intérprete Wander Pires, o samba da Mocidade tem entre um dos autores Sandra de Sá. Com refrão chiclete, a ode a Elza promete levantar a avenida. “Brasil / Enfrenta o mal que te consome / Que os filhos do planeta fome / Não percam a esperança em seu cantar”, diz o trecho mais marcante. 

Apesar de a noite de domingo ter tido pelo menos quatro bons desfiles, ficou a sensação de que ainda não pintou a campeã. A expectativa, portanto, é grande para esta noite.

A São Clemente é a primeira escola de samba a desfilar no sambódromo da Marquês de Sapucaì, na noite desta segunda-feira, 24, no centro do Rio. Na foto, o humorista Marcelo Adnet representando o presidente Bolsonaro. Foto: Wilton Junior/ Estadão

O segundo dia foi aberto pela São Clemente, que fez ampla crítica social  com o enredo “Conto do Vigário”, retratando como o povo brasileiro é historicamente enganado.

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Um dos autores do samba é o humorista Marcelo Adnet, que fez al que atraiu para o desfile vários colegas artistas, como Mateus Solano e a mulher dele, Paula Braun. “Brasil / Compartilhou, viralizou, nem viu / E o País inteiro assim sambou / Caiu na fake news”, provoca o samba.

A Vila Isabel foi a segunda escola de samba a desfilar no sambódromo da Marquês de Sapucaí, na noite desta segunda-feira, 24, no centro do Rio Foto: Wilton Junior/ Estadão

Em seguida, veio a Unidos de Vila Isabel com um enredo sobre “um índio chamado Brasil”. O desafio, ao abordar um tema como este, é fugir do óbvio ao tratar da questão indígena. Na primeira noite, por exemplo, a Portela foi aclamada ao contar a história dos primeiros habitantes do Rio, antes da chegada dos portugueses.

Número de ilusionismo durante o desfile da escola de samba Salgueiro no sambódromo da Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro. Foto: Wilton Junior/Estadão

Outra escola tradicional que passou pela avenida foi o Salgueiro, com o enredo “O rei negro do picadeiro”. A escola da Tijuca contará a história de Benjamin Chaves, negro que se tornou artista circense ainda na época da escravidão. 

A escola levou fantasias exuberantes com muitas referências ao mundo circense como animais, números de mágica, presença de palhaços e a alegria que contagiou o público. 

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Escola passeou pela história da arquitetura mundial e o Rio de Janeiro Foto: Wilton Junior/ Estadão

A Unidos da Tijuca trouxe consigo um desfile sobre a arquitetura e o urbanismo. Quem teve voz no samba-enredo foi a arquitetura do cotidiano, tema que também foi o foco, no ano passado, da Bienal de Arquitetura de São Paulo. A escola discorreu sobre o dia a dia no Morro do Borel, “seu cantinho na cidade”, mas também lembrou a história da arquitetura, fazendo construções famosas como o Coliseu passearem em meio a alas. Tecnologia e inovação também estiveram no desfile, marca do carnavalesco Paulo Barros, que está de volta à escola em 2020, quando também trabalhou com a Gaviões da Fiel em São Paulo. 

O segundo dia dos desfiles no Rio terminará com as apresentações da Mocidade e da Beija-Flor.

Mocidade Independente de Padre Miguel homenageou Elza Soares em seu desfile na Sapucaí Foto: Wilton Junior/ Estadão

A Mocidade levou para a Sapucaí o samba-enredo "Elza deusa Soares", fazendo uma homenagem à cantora e compositora Elza Soares, que nasceu no mesmo bairro da agremiação, e contando sua história. A escola abriu o desfile com uma inovação, usando recursos de holografia para mostrar partes da vida de Elza já na comissão de frente. 

Também teve espaço para outros momentos da vida da cantora, que chegou a defender sambas durante a história da escola. A Mocidade também mostrou a luta de Elza contra o racismo e seus momentos de glória ao lado de cantores do país e do mundo. Elza veio no último carro alegórico sentada. A alegoria mandava a mensagem "não vamos sucumbir" no fim do desfile.

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A Beija-Flor contou a história das ruas que a humanidade criou e atravessou ao longo de sua história. Foto: Wilton Junior/Estadão

A agremiação de Nilópolis, sempre uma potencial concorrente, veio com o enredo “Se essa rua fosse minha”, levando o público a uma “jornada épica” por ruas e estradas que representam os caminhos da “natureza nômade” da humanidade. 

A escola usou seu tempo na passarela do samba para mostrar os caminhos feito pelo homem ao longo da história, desde as primeiras migrações às conquistas de rotas comerciais e construções de estradas e ruas. A Beija-Flor exaltou a ocupação das ruas por todas as pessoas e lembrou do papel dela na transformação da sociedade. A escola fez dezenas de beija-flores voarem pela Sapucaí.