As autoridades do Rio Grande do Norte investigam se as ordens dos ataques em várias cidades do Estado partiram de líderes da facção Sindicato do Crime, que estão presos, e foram transmitidas pelos advogados da organização. Desde a noite de segunda-feira, 13, houve registros de veículos queimados e tiros a bases da polícia, além de outros crimes. O Ministério da Justiça enviou a Força Nacional ao Estado após pedido da governadora Fátima Bezerra (PT).
Segundo o governo, houve endurecimento das medidas de controle no sistema carcerário e agora os detentos reivindicam TVs e visitas íntimas, dentre outras medidas. Por outro lado, prisões potiguares já foram alvo de denúncias de maus tratos contra os internos. Diante dos ataques, a administração penitenciária suspendeu as visitas de familiares e advogados aos presos.
Um dos principais suspeitos de ser mandante da série de ataques é José Kemps Pereira de Araújo, que estava em uma penitenciária da Grande Natal desde janeiro e foi transferido para um presídio federal nesta terça-feira, 14, sob forte escolta policial. Ele é considerado fundador do Sindicato do crime, que comanda as cadeias potiguares.
Preso em janeiro pela Polícia Federal em Pernambuco, Araújo responde a pelo menos 20 processos envolvendo homicídios, organização criminosa, tráfico de drogas e porte ilegal de armas. Segundo o Estadão apurou com fontes envolvidas na investigação, a hipótese é de que ele possa ter usado o trânsito dos advogados para passar recados para os crimes nas ruas.
Os “gravatas”, como são conhecidos os defensores constituídos pelos presos dentro do grupo criminoso, são os responsáveis por manter a comunicação alinhada entre as lideranças presas, as que estão em liberdade e os que funcionam como “operários” na estrutura da organização criminosa, conforme investigação do Ministério Público do Rio Grande do Norte.
Antes de ser transferido, José Kemps Pereira de Araújo cumpria sentença em uma cela isolada dos demais presos, sem energia elétrica nem contato com os policiais penais. As suspeitas relativas ao ordenamento dos ataques recaem, segundo fontes ouvidas pelo Estadão, aos advogados e também familiares que mantiveram contato com o preso.
Nesta quarta-feira, 15, o Ministério Público informou que uma das advogadas presas na Operação Carteiras, em 2022, foi condenada a quase cinco anos de prisão. Segundo a sentença, a advogada Mona Lisa Amélia Albuquerque de Lima, considerada a “coordenadora dos Gravatas” por se intitular como chefe do esquema de troca de mensagens, teve a pena fixada em quatro anos, nove meses e cinco dias de reclusão. Ela é tida como uma integrante da facção.
Segundo as investigações, ela organizava e cobrava relatórios para os criminosos custodiados e repassava orientações aos membros soltos da organização, bem como transmitia mensagens e preocupações dos chefes da facção que se encontram custodiados. / COM AGÊNCIAS
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