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Rio Grande do Sul tem mais deslizamentos e enchentes; cheia no Guaíba pode bater novo recorde

Chuva persistente e solo encharcado preocupam municípios gaúchos afetados pelas enchentes; cientistas estimam que inundação na Grande Porto Alegre pode ser ainda maior que atual

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Foto do author Priscila Mengue
Atualização:

Com chuva persistente e solo encharcado, o Rio Grande do Sul voltou a registrar novos deslizamentos e a inundação dos rios que tinham recuado na região central e na Serra Gaúcha. O transbordamento do Rio Jacuí, do Rio Caí, do Rio Taquari, do Rio do Sinos e mais corpos d’água traz preocupação para municípios destruídos pelas enchentes recorde e, ainda, colocam Porto Alegre em alerta, com a estimativa de que o Lago Guaíba volte a níveis próximos ou superiores ao pico da atual cheia.

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Dados da Defesa Civil das 9h deste domingo, 12, apontaram mais sete mortes confirmadas, chegando a um total de 143. Autoridades destacam que os dados são parciais e os números tendem a aumentar.

Em Caxias do Sul, a Prefeitura confirmou uma morte ainda não incluída no balanço do Estado, confirmada após um deslizamento atingir o complexo de britagem da Companhia de Desenvolvimento da cidade por volta das 7h deste domingo. A vítima era funcionária da companhia. Outra pessoa ficou ferida e foi encaminhada para atendimento médico.

Mais de 2,1 milhões de pessoas foram impactadas pelas enchentes, a chuva extrema e os deslizamentos em 446 dos 497 municípios gaúchos. Ao menos 81,1 mil estão em abrigos e outras 537,3 mil estão desalojadas (na casa de amigos, familiares e conhecidos).

A RGE voltou a emitir um alerta de falta de energia no sábado, 11, nos vales do Taquari, Sinos e do Rio Pardo. A elevação da Lagoa dos Patos nos últimos dias também preocupa na parte sul, em municípios como São Lourenço do Sul, Rio Grande e Pelotas, principalmente porque vão receber as águas que passaram e estão na Grande Porto Alegre. Além disso, há inundação do Rio Uruguai, na fronteira.

Em diversos municípios, Defesa Civil, bombeiros e outras equipes viraram a madrugada no monitoramento dos rios. A situação traz apreensão para o Estado, tanto em municípios nos quais a água baixou, revelando grande destruição, quanto naqueles que ainda estão com enchentes, especialmente na Grande Porto Alegre. Prefeituras têm começado a alertar sobre novas evacuações, além de pedir a moradores que estão fora de casa para não retornar neste momento.

Destruição em Roca Sales, um dos municípios mais afetados no Rio Grande do Sul Foto: Adriano Machado/Reuters

A enchente que ainda atinge a região metropolitana tende a aumentar com a elevação dos rios que desaguam no Lago Guaíba. Na orla central, o Guaíba aumentou 8 cm entre as 17h de sábado e as 5h deste domingo. Em 4,65m às 6h. A cota de inundação é de 3m no centro.

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Os cientistas que anteciparam a cheia recorde emitiram um novo boletim em que sinalizam um repique acentuado no Guaíba, podendo se aproximar de 5,5 m. A cheia chegou perto de 5,35m. “Todos os cenários de previsão reafirmam cheia duradoura (...) O valor do nível máximo a ser atingido entre segunda e terça-feira depende de ocorrência das chuvas adicionais previstas e vento sul forte”, destaca o Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Um novo prognóstico da Sala de Situação do Governo apontou nesta manhã que o Guaíba vai voltar a ultrapassar os 5m, marca nunca superada até a enchente atual. “Nas últimas 24 horas, foram registrados volumes significativos de precipitação no centro, região metropolitana e Serra, com valores chegando aos 120mm pontualmente nos Vales”, aponta em boletim.

“Em função dessa chuva volumosa, praticamente todos os grandes rios do Estado apresentam tendência de elevação, com elevações rápidas em cotas de inundação nas bacias dos Rios Caí e Taquari, e posteriormente no Jacuí, sendo que as cidades no delta das respectivas bacias ainda estão em cotas de alerta ou inundação. Nos Rios Gravataí e Sinos, continua o represamento das águas na confluência dos rios no delta do Jacuí com o Guaíba, com a manutenção dos níveis ainda elevados e retorno da elevação”, aponta.

Além disso, destaca que a Lagoa dos Patos está com tendências de “elevação significativa” nos pontos monitorados das regiões costeiras. A Defesa Civil emitiu uma série de novos alertas na noite de sábado.

À noite, o governador Eduardo Leite (PSDB) voltou a postar uma alerta para as novas elevações. “Por favor, se coloquem em segurança porque ainda estamos vivendo uma situação de emergência no Rio Grande do Sul”, destacou. No sábado, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) também emitiu novos alertas.

Entre os novos bloqueios, grande parte são na Serra Gaúcha. Entre eles, estão um trecho da ERS-115 entre Gramado e Taquara, por queda de barreira e pedras, segundo o Comando Rodoviário da Brigada Militar. Outro caso é na ERS-112, em Caxias, cujo trevo de acesso foi bloqueado por queda de barreira.

Também há bloqueios parciais, como na ERS-122. Esses trechos contemplam municípios como São Vendelino, “com grande volume da água sobre a pista”. Em Antônio Prado, a interrupção parcial ocorre também por queda de barreira.

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Em São Sebastião do Caí, quedas de barreira causaram novos bloqueios em estradas, como o caminho para Pareci Novo, pela ERS-124, e as pontes de acesso para Harmonia. A Prefeitura de Santa Cruz do Sul emitiu um novo alerta diante da elevação rápida do Rio Pardinho.

“Com a grande quantidade de chuva registrada e a que ainda está por vir, o solo encontra-se bastante encharcado, com probabilidade muito alta de deslizamentos”, diz comunicado. Em Westfália, também foram registrados novos bloqueios desde o sábado. O município de Três Coroas também registrou novo deslizamento no sábado e tem elevação no Rio Paranhana.

Em Estrela, um dos municípios mais afetados neste desastre ambiental, o Rio Taquari subiu de 13,18m, às 17h, para 20,08 à meia-noite, na última medição. No mesmo período, o rio subiu de 4,85m para 11,81m em Muçum, outra cidade fortemente afetada pelas enchentes, segundo a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).

Abrigo improvisado em ginásio de Canoas, na Grande Porto Alegre Foto: Carlos Macedo/AP

Segundo a Prefeitura de Caxias do Sul, novos deslizamentos e rachaduras nas encostas têm sido identificados no distrito Galópolis. “Mesmo as áreas que não estão no mapa de risco devem ser observadas”, destacou em comunicado.

Grande parte do Estado vive uma crise de abastecimento, com falta de água, luz e telefonia. Há baixa nos estoques de alimentos e outros itens essenciais. Hospitais e postos de saúde também foram afetados, assim como sofrem com escassez de medicamentos e insumos.

Além disso, um levantamento preliminar do Estado aponta ao menos 722 abrigos temporários em funcionamento no interior e na região metropolitana.

Cemitério de carros em São Leopoldo, no Vale dos Sinos Foto: Andre Penner/AP

Além disso, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o Estado monitoram três barragens com risco de ruptura: PCH Salto Forqueta, em São José do Herval e Putinga, e Saturnino de Brito, em São Martinho da Serra, e Santa Lúcia, também em Putinga. Ainda há cerca de 11 barragens em estados de alerta e atenção.

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O último balanço do Comando Rodoviário da Brigada Militar aponta cerca de 135 bloqueios em rodovias estaduais e federais. Confira o mapa mais atualizado abaixo:

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