Risco de colapso em Maceió e minas da Braskem: deslocamento é de 2,6 cm por hora, diz Defesa Civil

Ninguém deve transitar pela área afetada, recomenda o órgão; petroquímica afirma que vem ‘tomando todas as medidas cabíveis para minimização do impacto de possíveis ocorrências’

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A Defesa Civil de Maceió divulgou nota sobre o risco iminente de colapso de uma mina da petroquímica Braskem, situação que gerou alerta máximo de órgãos da prefeitura, do governo de Alagoas e do Serviço Geológico do Brasil. Segundo a informação divulgada às 9h56 desta sexta-feira, 1.º, o deslocamento vertical acumulado da mina é de 1,42 metro e a velocidade vertical é de 2,6 centímetros por hora.

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A equipe de análise da Defesa Civil disse se basear em dados contínuos, incluindo análises sísmicas. A Braskem, por sua vez, diz que vem “tomando todas as medidas cabíveis para minimização do impacto de possíveis ocorrências”.

“Por precaução, a recomendação é clara: a população não deve transitar na área desocupada até uma nova atualização da Defesa Civil, enquanto medidas de controle e monitoramento são aplicadas para reduzir o perigo”, diz a nota da Defesa Civil.

Área de risco iminente de colapso em mina da Braskem no bairro do Mutange, em Maceió Foto: Ailton Cruz/Estadão

Esta semana, Maceió decretou estado de emergência após o alerta de “risco iminente de colapso” da mina 18, que é operada pela Braskem e fica no bairro de Mutange. A Defesa Civil de Maceió afirma que o colapso da mina da Braskem pode ocorrer a qualquer momento.

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Estudos têm mostrado o aumento significativo na movimentação do solo na mina, indicando a possibilidade de rompimento e surgimento de um sinkhole, ou seja, uma enorme cratera pode ser aberta na região afetada. Após um período de estabilização, o deslocamento da mina começou a se intensificar nos últimos dias.

Os problemas na capital alagoana começaram em 3 de março de 2018, quando um tremor de terra causou rachaduras em ruas e casas e o afundamento do solo em cinco bairros: Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e em uma parte do Farol. Mais de 55 mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas naquele ano. Agora, uma decisão judicial determinou a saída de 27 famílias da área de risco. Dessas, 14 ainda não tinham saído de casa até a noite de quinta-feira.

Está agendada uma reunião para o dia 5 de dezembro entre o presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, e o governador Paulo Dantas, que pedirá para que o governo federal esteja preparado para ajudar Alagoas em caso de necessidade.

Em nota, a Braskem declarou que “continua mobilizada e monitorando a situação da mina 18, localizada no bairro do Mutange, tomando todas as medidas cabíveis para minimização do impacto de possíveis ocorrências”. O texto acrescenta que “todos os dados colhidos estão sendo compartilhados em tempo real com as autoridades, com quem a Braskem vem trabalhando em estreita colaboração”.

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Ainda segundo a empresa, a extração de sal-gema (um cloreto de sódio que é utilizado para produzir soda cáustica e PVC) em Maceió foi totalmente encerrada em maio de 2019. A fabricação na região teve início em 1976.

“A Braskem vem adotando as medidas para o fechamento definitivo dos poços de sal, conforme plano apresentado às autoridades e aprovado pela Agência Nacional de Mineração (ANM). Esse plano registra 70% de avanço nas ações, e a conclusão dos trabalhos está prevista para meados de 2025″, diz o texto.

Ibama

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, que está em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, onde participa da Conferência do Clima da ONU, COP-28, afirmou nesta sexta-feira, 1.º, que o Ibama acompanha de perto a situação envolvendo a mina da Braskem em Maceió.

“É um licenciamento feito pelo governo do Estado, mas o Ibama está acompanhando. Os nossos especialistas em risco ambiental estão acompanhando de perto. A orientação do Ministério do Meio Ambiente é: mesmo sendo algo de responsabilidade do governo estadual, nós não nos furtamos em suplementarmente apoiar os Estados quando se trata de questões de alto risco”, disse a ministra.

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Segundo Marina, neste caso, o órgão do governo federal atua de maneira suplementar.

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