Brasília - O advogado Ibaneis Rocha (MDB) é o novo governador do Distrito Federal neste segundo turno. Ele venceu a disputa contra o atual governador, Rodrigo Rollemberg (PSB).
Novato na política, Ibaneis virou uma das maiores surpresas na disputa eleitoral. O advogado de 47 anos e ex-presidente regional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) saltou de 2% das intenções de votos, no início da campanha em agosto, para liderar a preferência do eleitorado com folga no segundo turno. Ele desbancou, no primeiro turno, adversários conhecidos do eleitorado do DF. Entre eles, Eliana Pedrosa (Pros), eleita três vezes deputada distrital (2002, 2006 e 2010) e que liderava as pesquisas no início da campanha, e também o deputado federal e líder na Câmara da chamada Bancada da Bala, Alberto Fraga (DEM). O aparente anseio da sociedade por uma renovação na política, como foi registrado nas urnas no início de outubro, pode ter motivado a ascensão meteórica de Ibaneis. “Um governo impopular, o sentimento de rejeição, além de alguém com poder econômico podem explicar esta subida”, afirma o cientista político Leonardo Barreto. O próprio candidato concorda. “Sou muito técnico e pragmático, já vinha pesquisando há um ano e meio para ver o sentimento da população e era de renovação”, diz Ibaneis. O advogado afirma que, ao se decidir entrar para a política, primeiro procurou o PDT, mas sentiu que não haveria espaço para sua candidatura, então, acabou na legenda de Michel Temer. Questionado se não via contradição em se apresentar como o candidato da renovação e fazer parte de um grupo político tão tradicional, Ibaneis afirmou que procurou um lugar onde pudesse ter diálogo aberto com os demais partidos, além de precisar do tempo de televisão. Considerado um dos padrinhos da candidatura de Ibaneis, o ex-vice-governador do DF e ex-assessor do presidente Michel Temer, Tadeu Filipelli (MDB), afirma que viu no advogado um “bom produto” que representava o desejo da sociedade por renovação na política. “Ele é extremamente inteligente, tem rapidez de raciocínio e poder de comunicação”, diz. Filipelli foi preso no ano passado por suspeitas de recebimento de propina nos contratos para as obras do estádio Mané Garrincha e isso rendeu a Ibaneis fortes críticas de seus adversários. “Quanto mais ele subia, mais eu apanhava”, afirmou Filipelli. O ex-vice-governador acredita que isso pode inclusive ter contribuído para sua derrota nas urnas, como deputado federal.
O Palácio do Planalto informou que Ibaneis ligou há pouco para o presidente Michel Temer, que o parabenizou pela expressiva vitória no DF.
Discurso da vitória
Ibaneis comemora e discursa para o eleitorado agora no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.
Ele disse que vai priorizar a saúde no início do seu governo. "Saúde não espera. Precisamos primeiro atender as pessoas que estão sofrendo nas filas nos hospitais", disse em sua primeira entrevista coletiva, logo após ser eleito. "Depois vamos trabalhar com educação e transporte, geração de emprego", disse. Essa foi a primeira eleição que Ibaneis concorreu. Ele é considerado um outsider da política. O ex-presidente da OAB-DF bancou praticamente quase toda sua campanha do próprio bolso. "Já falei com o presidente Michel Temer e a partir de amanhã nós vamos criar uma zona de desenvolvimento econômico no DF, uma zona de livre comércio. Vamos tentar fazer dessa cidade o que era o sonho de JK (Juscelino Kubitschek)", afirmou.
Ibaneis disse que vai se reunir amanhã às 11h com Temer para debater também sobre o orçamento do DF. "Também vou me reunir com a assembleia legislativa e com a Câmara dos deputados. Vou trazer recursos de onde eles estiverem", disse. "Quero trazer mais de r$10 bilhões a partir de amanhã", disse. "Vou aproveitar que o presidente é do meu partido".
Ele disse ainda que pretende trabalhar na geração de emprego. Ele ressaltou que é o primeiro governador nascido no DF.
"Vou ser exemplo para esse nosso País de tanto sofrimento", disse. "Vou trabalhar muito."
Sobre seu adversário, o atual governador Rodrigo Rollemberg, Ibaneis disse esperar ter um bom relacionamento e iniciar a transição assim que possível.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.