Saúde do papa: quem é o médico que relatou quase morte de Francisco

Sergio Alfieri participa das cirurgias realizadas pelo pontífice desde 2021, quando o líder da igreja católica precisou retirar uma parte do cólon

PUBLICIDADE

Foto do author Caio Possati
Atualização:

O médico cirurgião italiano Sergio Alfieri, de 58 anos, é o principal responsável pela saúde do papa Francisco. Diretor do serviço médico-cirúrgico do Hospital Gemelli, em Roma, onde o pontífice ficou internado por 38 dias por conta de uma pneumonia bilateral, Alfieri se viu diante de um impasse quando tratou do seu paciente mais ilustre nas últimas semanas: interromper o tratamento após o líder da Igreja Católica apresentar episódios graves de crise respiratórias e regurgitação, ou apostar em medidas de cuidados que, em contrapartida, pudessem agravar o quadro clínico do Santo Padre?

“Tivemos de escolher entre parar e deixá-lo ir ou forçá-lo e tentar todos os medicamentos e terapias possíveis, correndo o risco muito alto de danificar outros órgãos. E no final nós tomamos esse caminho (de continuar com o tratamento)”, revelou Alfieri esta semana, depois de o papa Francisco, de 88 anos, ter recebido alta no último domingo, 23. “Posso dizer que duas vezes a situação foi perdida e, então, aconteceu como um milagre”, disse o cirurgião.

Sergio Alfieri, médico cirurgião do Hospital Gemelli, é responsável por fazer os procedimentos cirúrgicos do papa Francisco desde 2021. Foto: Gregorio Borgia

PUBLICIDADE

Ter a saúde de Jorge Mario Bergoglio sob seus cuidados não é uma novidade para Alfieri. Ele trata do papa desde 2013 e foi responsável por todas as cirurgias que o pontífice precisou fazer. A primeira a ser realizada foi em 2021, para tirar uma parte do cólon (a parte mais alongada do intestino grosso) que continha bolsas chamadas de divertículos. A segunda foi em 2023, por conta de uma laparocele, um tipo de hérnia que surgiu no abdômen do papa em razão de outro procedimento cirúrgico feito anos anteriores.

A proximidade dos dois já até rendeu momentos de descontração entre eles. Em pronunciamento feito à imprensa, o médico já relatou certa vez que Francisco, depois de passar pela a segunda cirurgia, perguntou a Alfieri quando fariam a terceira. E, mais recentemente, o profissional disse que, ao cumprimentá-lo no Gemelli com “Olá, Santo Padre” certa manhã, eis que Francisco devolveu o comprimento da seguinte: “Olá, Santo filho”.

Publicidade

Sergio Alfieri já tinha uma relação próxima, mesmo que indireta, com o tratamento de pontífices. Isso porque, antes de se tornar íntimo de Francisco, o médico foi aluno de Giovanni Battista Doglietto, que integrou a equipe do cirurgião Francesco Crucitti, responsável por operar o papa João Paulo II (1920-2005) em três oportunidades.

Alfieri nasceu em Roma, em 28 de dezembro de 1966. Ele ingressou na Universita’ Cattolica del Sacro Cuore em 1987 e, cinco anos depois, em 1992, se formou na instituição com a nota máxima. Migrou a sua carreira para a cirurgia, se tornando especialista na área em 1997, concluindo o curso também com nota máxima e honras. De aluno, virou docente. Desde 2011, ele leciona na mesma instituição onde se formou, como professor titular da disciplina de Cirurgia em cursos de graduação e pós-graduação da universidade.

Papa Francisco tem alta após cinco semanas internado para tratar de pneumonia Foto: Tiziana Fabi/AFP

O também docente e pesquisador construiu a carreira como médico e acadêmico nas áreas de cirurgias geral e digestivas, com a especialidade na região do cólon e pâncreas. Atualmente, é chefe da Unidade Operatória Complexa de Cirurgia Digestiva e do Centro Cirúrgico do Pâncreas do Hospital Gemelli, onde também é o diretor do Centro de Pesquisas avançadas sobre o pâncreas.

Na Universita’ Cattolica del Sacro Cuore, o médico é diretor do Departamento de Ciências Médicas e Cirúrgicas, diretor do Mestrado em Cirurgia Oncológica Digestiva e diretor do Mestrado em Cirurgia Robótica e Digital, conforme informações do jornal italiano Corriere della Sera, que destaca outros feitos de Alfieiri, como: ser membro da Associação Italiana para o Estudo do Pâncreas (AISP), ser Secretário Geral da Sociedade Italiana de Cirurgia, fundar a Academia Europeia de Cirurgia Colorretal e ser membro do conselho consultivo europeu para Diretrizes Educacionais para Cirurgia Robótica Colorretal.

Publicidade

Todo esse envolvimento com a profissão levou o cirurgião, segundo o mesmo jornal, a realizar mais de 13 mil cirurgias como primeiro operador, e ser autor de mais 600 estudos relevantes publicados em periódicos italianos e em outros países./Com informações da agência de notícias italiana Ansa

Comentários

Os comentários são exclusivos para cadastrados.