Secretário do Tesouro pede que BC não mexa nos juros

Augustin diz que política monetária deveria ajudar no crescimento do País

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Foto do author Adriana Fernandes

BRASÍLIAO secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, defendeu ontem que o Banco Central continue conduzindo a política monetária dentro de esforço conjunto do governo para garantir o crescimento, como ocorreu em 2009, quando o BC reduziu as taxas de juros e os depósitos compulsórios dos bancos para mitigar os efeitos da crise financeira na economia. Augustin disse que o BC tem de pensar no processo de retomada do crescimento econômico ao decidir sobre o rumo da taxa Selic, os juros básicos da economia. "A visão que nós temos é que a política monetária deve acompanhar a necessidade de retomada de crescimento. Mas essa é uma tarefa para o BC interpretar em termos de taxa", disse Augustin, negando que suas declarações fossem um recado ao Banco Central . "Mas quem detalha isso, quem decide, é outra instituição, não somos nós (a Fazenda)", disse numa referência ao BC. A maior preocupação atual do Ministério da Fazenda é de que o BC, em março, retome o processo de aperto dos juros para evitar que uma demanda excessivamente aquecida possa provocar aumento da inflação. A alta dos juros, no entanto, teria o efeito colateral de reduzir o crescimento econômico. Para reforçar seu argumento, o secretário disse a que a previsão do Ministério da Fazenda de 5,2% de expansão do Produto Interno Brasileiro (PIB) em 2010 para ser atingida precisa "de trabalho". "Não está dado (o crescimento). É algo a ser construído ao longo do ano." PROJEÇÕESAugustin ponderou que é normal que a projeção do Ministério da Fazenda de crescimento da economia não seja idêntica à do BC. Ele avaliou que a previsão de 5,8% de alta do PIB do BC este ano é compatível com a da Fazenda e não mostra "diferença significativa". "É uma questão mais técnica de projeção", disse. Os analistas do mercado financeiro têm utilizado essa diferença de projeção entre a Fazenda e o BC para apostar numa alta da Selic ainda no primeiro trimestre. O secretário voltou a criticar os juros de mercado, que apontam alta da taxa Selic em breve. Segundo ele, a curva de juros em que o mercado tem apostado é inconsistente porque prevê ao mesmo tempo juros e inflação maiores. "São coisas muito difíceis de acontecer simultaneamente", disse. Para ele, essa curva de juros tem pouca probabilidade de ocorrer.

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