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O trabalho está em transição: robôs ameaçam a sua vaga

No futuro, algoritmos e robôs realizarão atividades, mais do que suprimirão empregos diretamente

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Por Silvio Meira

Trabalho e emprego globais estão sob grande impacto da pandemia e da transformação digital, em que a primeira é o contexto indesejado que acelera a segunda. DESaprender, APRENDER e REaprender serão fundamentais para todos os que ainda vão chegar ao mercado e os que já estão lá.

A escola tradicional, seu conteúdo, métodos e processos de oportunidades de aprendizado têm pouca chance de sucesso no necessário redesenho das competências e habilidades que já estão em demanda em mercados de trabalho habilitados por plataformas digitais. Vamos precisar de uma escola transformadora, figital, como os mercados. Até porque seria muito estranho se a escola do passado conseguisse criar as performances do presente e do futuro.

O imaginário da ficção sempre foi de robôs humanoides assumindo papéis variados nas nossas vidas e trabalho Foto: Pixabay

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No futuro, algoritmos e robôs realizarão atividades, mais do que suprimirão empregos diretamente. Estima-se que metade das tarefas hoje realizadas por pessoas, na economia, será automatizada no próximo quarto de século, causando a perda de muitos postos de trabalho. Quantos? Não se sabe ao certo: estimativas de 2019 apontavam para até metade dos empregos sendo deslocada. Mas a covid-19 está aumentando o volume, variedade e velocidade das transições para novas ocupações. Empregos cortados na pandemia não serão recriados.

Como se não bastasse, o grande impacto de inteligência artificial no trabalho e no emprego não será causado por um big bang de sistemas de informação com “inteligência humana”, mas por tecnologias “mais ou menos”, que cuidam de tarefas repetitivas. A covid-19 acelerou tal desenvolvimento e RPA (automação “robotizada” de processos) é uma família de ferramentas de baixo custo cuja penetração tem acelerado.

E não é necessário o concurso de IA para se ter um bom RPA; basta substituir por software parte da atividade recorrente que humanos, usando scripts que muito se assemelham a programas de computador. A presença e acesso ao espaço físico, a inércia e a necessidade de investimento eram barreiras que diminuíam a adoção de soluções que tornam ainda mais veloz o deslocamento do trabalho e do emprego.

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O imaginário da ficção sempre foi de robôs humanoides assumindo papéis variados nas nossas vidas e trabalho. A realidade é de sistemas de informação – bem mais simples do que se pode imaginar– escondidos em servidores na nuvem, a capturar dados, preencher formulários e realizar cálculos nem tão simples, enquanto “conversam” com você no WhatsApp. Se o seu trabalho parece com isso, se cuide: um robô está se candidatando à sua vaga. *É PROFESSOR EMÉRITO DA UFPE E PESQUISADOR DO INSTITUTO SENAI DE INOVAÇÃO. É FUNDADOR E PRESIDENTE DO CONSELHO DO PORTO DIGITAL

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