O forte adensamento das grandes cidades pode dar a impressão de que a maioria da população vive em apartamentos, mas essa é a realidade em apenas de três dos 5.670 municípios brasileiros. À exceção das cidades paulistas de Santos e São Caetano do Sul, e da catarinense Balneário Camboriú, todas as demais cidades registram as casas como domicílio dominante.
Isso é o que revela o mais novo recorte do Censo 2022, divulgado nesta sexta-feira, 23, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com 63,45% de seus moradores vivendo em apartamentos, Santos tem a maior taxa do País. Balneário Camboriú, cujas imagens de arranha-céus fazendo sombra na praia se tornaram icônicas, vem na sequência, com 57,22%.
“São municípios que já tinham, no censo de 2010, uma proporção elevada da população nos apartamentos, mas os três tiveram grande expansão de 2010 para 2022″, explica Bruno Perez, analista do IBGE.
“São Caetano é um município de área relativamente pequena, mas com população não tão pequena assim”, afirma Perez. A cidade do ABC, conforme o último Censo, tem 165,6 mil habitantes e é famosa por apresentar qualidade de vida e infraestrutura urbana acima da média da Grande São Paulo: registra o maior Índice de Desenvolvimento Humano Municipal do País (0,862, em escala de zero a um).
“Santos, que é proporcionalmente (o que apresenta índice) mais elevado, tem o município principalmente localizado numa ilha, que divide com o município de São Vicente. A área continental não é muito urbanizável, então a cidade fica em uma ilha em que já se esgotou o espaço de crescimento”, continua ele.
São Caetano do Sul, por sua vez, entrou no grupo por pouco - no total, 50,77% dos moradores viviam em apartamentos no ano passado -, mas chama a atenção o rápido crescimento na alternância de moradia. No censo anterior, divulgado em 2010, 37,78% dos habitantes moravam em edifícios.
“A área é muito inserida na dinâmica de São Paulo. Está mais próximo ao centro de São Paulo do que muitos bairros do próprio município de São Paulo, da zona leste e da zona sul. Quase funciona como uma área do centro expandido de São Paulo”, acrescenta o especialista do IBGE.
Entre os dez municípios com maior proporção de moradores em apartamentos, aparecem somente três capitais: Vitória (45,4%), Porto Alegre (42,36%) e Florianópolis (38,64%).
Apesar de apenas três cidades apresentarem mais moradores em apartamentos do que em casas, a vida em prédios é crescente no País. Em proporções diferentes, todas as cinco regiões do Brasil têm apresentado essa tendência nas últimas duas décadas, segundo demonstra a série histórica do IBGE.
- Nesse período, o percentual da população que deixou de morar em casas e passou a viver em apartamentos triplicou na Região Norte. No Brasil, 7,6% da população morava nesse tipo de habitação no ano 2000, mas hoje o percentual chega a 12,5%, o que dá cerca de 25,28 milhões de pessoas.
- Ainda assim, o total de brasileiros que moravam em casas no ano passado era quase sete vezes maior. De acordo com o IBGE, 171,3 milhões (84,8%) viviam nesse tipo de moradia, além de outros 4,85 milhões (2,4%) que moravam em casas de vilas ou condomínios - o instituto faz distinção entre os dois tipos.
A maior proporção de casas fica no Piauí. Naquele Estado do Nordeste, 95,6% da população residia nesse tipo de moradia. Na outra ponta da tabela, o Distrito Federal tem a maior proporção de moradores em apartamentos: são 28,7% do total da população.
Na contabilização das casas, também são incluídas residências em cortiços, favelas, malocas, dentre outros tipos de imóveis.
Quando são consideradas as casas em vilas e condomínios, a maior proporção registrada é no Rio de Janeiro. Quase 950 mil fluminenses moravam nesse tipo de moradia no ano passado, o equivalente a 5,93% da população do Estado.
No outro extremo, o Espírito Santo contabiliza pouco mais de 0,5% de sua população morando em vilas ou condomínios. Para construir esse novo levantamento, além das visitas domiciliares, os técnicos do IBGE fizeram análises de mapas e imagens registradas por satélites.
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