Terreiro do Gantois reabre após três anos de luto

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Depois de três anos de luto pela morte da mãe-de-santo Cleuza Millet, o Ilê Iyá Omi Axé Iyamassê, conhecido como Terreiro do Gantois, o mais famoso da Bahia, reabre suas portas para o público na próxima quinta-feira, dia 30, e volta às suas atividades normais. A nova ialorixá que comanda a casa é a irmã de Cleuza, Carmen de Oliveira Silva, a Mãe Carmen. Elas são filhas da mais famosa mãe-de-santo do Brasil, Menininha do Gantois, que dirigiu o terreiro entre 1922 e 1986, quando morreu. A programação da reabertura do Gantois mantém a tradição do sincretismo cultuada ainda por grande parte dos terreiros de candomblé da Bahia: haverá uma missa na Igreja de Nossa Senhora Santana do Bairro do Rio Vermelho pela manhã e festa para Oxóssi orixá patrono do Gantois, à noite, com toque de atabaques. A identificação de orixás africanos com santos católicos, base do sincretismo baiano, foi o artifício usado pelos escravos negros para cultuar suas divindades do candomblé e fugir da repressão do colonizador português. O candomblé no Brasil nasceu em uma rua perto da Igreja da Barroquinha, no centro de Salvador. A irmandade que atuava na igreja, formada por escravos, facilitou a fundação em 1830 do terreiro Ylê Yá Nassó, na Rua da Lama. Esta casa originou vários outros terreiros, entre os quais três que resistem até hoje, o Alaketu, o Casa Branca e o Gantois, criado em 1849. O casal Francisco de Eta e Maria Júlia da Conceição Nazaré, adquiriu as terras no Bairro da Federação da família francesa Gantois, instalando a casa que se transformaria na mais famosa do Brasil, graças ao carisma de Menininha do Gantois. Além do culto aos orixás, a nova mentora do Gantois, Mãe Carmen vai reativar as atividades sociais do terreiro, como a distribuição de 150 cestas básicas bimensalmente para famílias carentes do Bairro da Federação e auxiliar mães solteiras, idosos e doentes que procuram o terreiro. Formada em Ciências Contábeis, Mãe Carmen é casada, tem duas filhas e três netos. Ela pretende criar um sistema de atendimento médico fixo para a comunidade interna do Gantois. Embora acredite na força das divindades africanas para solucionar os problemas dos freqüentadores da casa, a ialorixá considera fundamental orientar as pessoas a fazer exames médicos regulares como tirar pressão, testes de glicemia e pré-natal.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.