O trecho da rodovia SE-438 que desmoronou neste domingo, e matou três pessoas, em Capela (SE), havia sido reparado em setembro de 2024 devido a outra erosão causada pelas chuvas. Na época, foi construído um canal de drenagem e instaladas três linhas de tubo. O serviço, que custou R$ 261,5 mil, durou só quatro meses.
A enxurrada causada pelo novo temporal levou embora a estrutura nova e abriu uma cratera na rodovia. Dois carros caíram no buraco e foram arrastados pela água.
O governo de Sergipe diz que o rompimento da rodovia se deu após quantidade atípica de chuva. A região de Capela registrou, em dois dias, um total de 181 milímetros de precipitação, o equivalente à média prevista para janeiro inteiro, segundo o Estado. Nessa segunda-feira, 13, foi anunciada a construção de uma ponte no local afetado. Procurada, a empresa Novatec, responsável pela obra no ano passado, não se manifestou.
As más condições da rodovia vinham sendo apontadas por moradores e políticos locais. Em janeiro de 2024, o local já havia sido afetado por erosões, mas sem interdição da pista. O Departamento de Estradas de Rodagem e Infraestrutura (DER-SE) fez obras emergenciais na rodovia e abriu procedimento para contratar uma empresa para melhorar o sistema de drenagem no local.
A contratação, sem exigência de licitação, foi feita em 11 de abril de 2024, com prazo de entrega em 8 de setembro do mesmo ano. As obras foram realizadas pela Novatec Construções a um custo de R$ 261.522,46. Em maio, quando o local já estava em obras, choveu cerca de 90 milímetros na região e a água levou parte da estrada, que teve meia pista interditada. O projeto, porém, não foi alterado. O prazo de entrega foi cumprido.
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Galeria insuficiente
Quando as obras de contenção da erosão foram retomadas, o ex-prefeito Manoel Messias Sukita foi ao local e gravou um vídeo alertando para a necessidade de construir uma galeria mais ampla onde houve a erosão. “Tem três anos que essa situação acontece e faz-se necessário que o DER mande sua engenharia e entenda que esses três bueiros servem para o verão, mas durante o inverno (período chuvoso no Nordeste) não servem para nada, a não ser para causar acidente”, disse, na ocasião.
Depois do acidente deste domingo, o vídeo gravado por Sukita foi republicado. O diretor técnico do DER, Igor Albuquerque, disse que as situações não podem ser comparadas. “Naquela ocasião a erosão foi causada por uma danificação da drenagem. O DER fez toda a recuperação da drenagem, recompondo o aterro, a sub-base e o pavimento, dando condições de trafegabilidade como havia antes. Não há nenhuma ligação do ocorrido no domingo com a erosão do ano passado, uma vez que o volume de água precipitado foi muito superior e atípico”, afirmou.
Já o governo de Sergipe disse que a obra realizada no ano passado cumpriu todas as normas técnicas de engenharia e ambientais, com documentação validada pelos órgãos de fiscalização. “O rompimento da Rodovia SE-438 foi provocado pelo alto volume de chuvas ocorrido num curto período, ocasionado pelas mudanças climáticas que vêm afetando diversas regiões do País e do mundo.”
Segundo a nota, o governo continua monitorando a situação, não apenas em Capela, mas em todo o Estado. “Os órgãos estaduais – DER e Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Infraestrutura – iniciarão estudo na bacia hidrográfica do local para implantação de ponte na rodovia”, disse.
O Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes (DNIT) disse que a SE-428, por ser uma rodovia estadual, não está sob administração da autarquia federal.
Queda de ponte entre MA e TO matou 17
No último dia 22 de dezembro, a queda da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, entre as cidades de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA), matou 17 pessoas. Como mostrou o Estadão, relatório de 2020 do próprio Dnit já apontava fissuras nos pilares e outros problemas graves na ponte, cujo estado de conservação era considerado ruim. Iniciada em 1958, a Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira foi concluída nos anos 1960 e tinha 553 metros de extensão.
A construção usava uma técnica inovadora na época, e chegou a ter o maior vão do seu tipo do mundo. A última vez que a ponte havia passado por reformas foi nos anos de 1998 a 2000, ainda na gestão Fernando Henrique Cardoso (PSDB).