Troca de etiquetas em Guarulhos: PF prende mais um suspeito após caso em aeroporto

Outros seis pedidos de busca e apreensão fazem parte do desdobramento da Operação Iraúna realizado nesta quarta-feira; funcionários terceirizados estão sendo investigados

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Foto do author Renata Okumura
Atualização:

A Polícia Federal cumpre nesta quarta-feira, 17, mais dois mandados de prisão temporária de suspeitos de envolvimento no esquema de troca de etiquetas de mala dentro do Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo. Conforme a Polícia Federal de Goiás, que investiga o caso com apoio da PF de São Paulo, os agentes estão cumprindo oito mandados judiciais e um dos procurados foi encontrado e detido; o segundo procurado não havia sido localizado até o início da tarde. Além das duas prisões temporárias decretadas, há seis pedidos de busca e apreensão.

Nesta quarta-feira, foi deflagrada a segunda fase da Operação Iraúna, que investiga uma organização criminosa de tráfico internacional de drogas. Os mandados judiciais desta quarta-feira envolvem quatro funcionários terceirizados do aeroporto, que também são alvos da investigação.

Fluxo de passageiros no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO - 11-12-2019

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“Esta fase é desdobramento da operação Iraúna, deflagrada em 4 de abril, quando foram cumpridos seis mandados de prisão de funcionários terceirizados do Aeroporto Internacional de Cumbica, envolvidos na troca das etiquetas das bagagens de duas brasileiras de Goiás que foram presas na Alemanha, mesmo sem envolvimento em crime”, disse em comunicado.

Em razão dessa troca de etiquetas, Kátyna Baía, de 44 anos, e Jeanne Paolini, de 40, foram envolvidas em um esquema de tráfico de drogas já esclarecido pela Polícia Federal. O casal foi preso em 5 de março, dia em que daria início a 20 dias de férias por cidades da Europa.

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Ainda segundo a Polícia Federal, as investigações continuam em andamento para identificar todos os integrantes da organização criminosa.

As goianas Kátyna Baía e Jeanne Paollini, que ficaram detidas na Alemanha por mais de um mês. Foto: Arquivo pessoal/Foto cedida por Lorena Baía

Relembre o caso

A polícia alemã apreendeu no início de março duas malas com 20kg de cocaína cada, etiquetadas com os nomes das goianas e elas foram presas.

A base para a liberação foram as imagens que mostram as bagagens sendo trocadas durante uma escala no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Segundo a Polícia Federal, um dia antes do embarque das duas brasileiras, outra goiana teve a etiqueta da mala trocada por bagagem com drogas ao viajar para Paris, na França, mas não foi presa.

Vídeos obtidos pelo Fantástico, da TV Globo, mostram como dois funcionários do aeroporto identificam as duas malas de Kátyna e Jeanne, uma rosa e uma preta, separam e, discretamente, retiram a etiqueta delas em uma área de segurança e de acesso restrito que é monitorada por várias câmeras.

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Em outro vídeo, duas mulheres chegaram ao aeroporto com duas malas de cores diferentes por volta das 20h30. Seriam as malas que continham os 40 quilos de cocaína, segundo a polícia. As duas vão até um guichê de companhia aérea após um sinal da única funcionária que está no local, deixam as malas e saem em seguida do aeroporto, sem embarcar para qualquer destino. As duas malas são levadas para o mesmo veículo onde estão as malas de Kátyna e Jeanne e a troca é feita.

Kátyna e Jeanne foram libertadas na tarde do dia 11 de abril, depois de passarem mais de um mês detidas na cidade de Frankfurt, na Alemanha. Elas retornaram ao Brasil no dia 14 de abril. Lorena Baía, irmã de Kátyna, afirmou, na época, que a personal trainer e a veterinária entrariam com ação na Justiça contra os responsáveis pela troca de identificação da bagagem delas, que ocorreu dentro do Aeroporto Internacional de Cumbica, no dia 4 de março.

O destino mais comum das malas carregadas de drogas é a Europa, pelo alto potencial lucrativo da cocaína por lá, mas a polícia também já interceptou envios para países do Oriente Médio e também para a África do Sul. A cooptação de funcionários pode ocorrer tanto quando eles estão trabalhando lá quanto antes, com a inserção de criminosos nas empresas.

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