Sorte do nosso Rei que, em domínios de Momo, todos os encontros são bem tolerados. Bicheiros, artistas internacionais, delegados, desembargadores, prostitutas, senadores, socialites, traficantes, presidentes da República, ex-BBBs, industriais, jornalistas, proxenetas etc frequentam as mesmas áreas vips do samba, sem constrangimentos na partilha da mordomia.
Ficou mais ou menos convencionado entre pessoas públicas zelosas por suas imagens que, não importa com quem andas no carnaval, ninguém poderá dizer quem és com base em qualquer flagrante eventual da folia. Para não se comprometer nos camarotes, por exemplo, basta fingir não reparar as más companhias em volta, e pronto!
Se é assim com tanta gente boa de passagem pelo terreiro do samba, não seria justo cobrar de Roberto Carlos os afagos e juras de gratidão trocados na festa da quadra com uma das figuras mais relevantes do jogo do bicho e adjacências penais praticadas no Estado do Rio. No dia seguinte os jornais trataram de esconder as cenas do Rei, aos prantos, legitimando o prestígio social do bicheiro do pedaço diante de súditos em comum.
Melhor assim! A foto de Sua Alteza abraçado à rainha da bateria correu o mundo e, lá em Londres, fez Elizabeth II lembrar do célebre amasso do príncipe Charles em Pinah, a "cinderela negra" da Beija-Flor, em 1978. O samba, enfim, nunca perde a majestade.
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