A alta de quase 25% nos preços médios dos televisores de LCD, desde julho deste ano, retardou o avanço das vendas das TVs fininhas no mercado dos velhos aparelhos de tubo. A perspectiva inicial era de que, se os preços dos televisores de LCD continuassem recuando 20% ao ano, como vinha ocorrendo desde 2007, as quantidades vendidas desses equipamentos ultrapassariam as das TVs de tubo ainda neste ano no mercado brasileiro. Agora, a mudança foi adiada para 2010, ano de Copa do Mundo e com grande apelo de venda de TVs ."O grande problema foi a subida de preço, que freou a expansão da tecnologia mais moderna", afirma Ivair Rodrigues, diretor de pesquisa do IT Data, consultoria especializada em tecnologia e produtos eletrônicos. Ele explica que os grandes fabricantes asiáticos de painel de LCD (tela de cristal líquido, na sigla em inglês) cortaram, na virada do ano, a produção desse componente. Isso porque os preços do painel estavam sendo corroídos muito rapidamente e as margens de lucro dos fabricantes também. O painel de LCD é o coração da TV e representa 70% do custo de produção do eletroeletrônico.Levantamento feito pelo Shopping Brasil, empresa especializada em pesquisa de preços no varejo, revela que o preço médio em reais da TV de LCD de 32 polegadas, a mais vendida, caiu 47% entre dezembro de 2007 e julho deste ano e subiu 23% de lá para cá. Em dezembro de 2007, uma aparelho custava, em média, R$ 3.157,16; em julho deste ano, R$ 1.683,70; e hoje sai por R$ 2.073,74. Apesar da freada recente, a queda de preços contribuiu para o avanço da nova tecnologia nos meses anteriores. Segundo pesquisa da GFK Retail and Technology Brasil, as TVs de LCD e plasma mais que dobraram a participação nas vendas em um ano. Em julho de 2008, elas respondiam por 20,8% do número de peças comercializadas e, neste ano, chegaram a 43,4%. A pesquisa abrange as vendas no varejo, incluindo os produtos comercializados pela internet.Gisela Pougy, diretora da Unidade de Eletroeletrônicos da consultoria e responsável pela pesquisa, diz que os televisores de tubo ainda respondem pela maior parte das vendas (56,6%) em número de unidades. Mas ressalta que os aparelhos de tubo tradicionais, os tubões, perderam mercado. Eles representavam 66,9% das vendas no varejo em julho de 2008 e, no mesmo mês deste ano, ficaram com 34% do mercado. Em contrapartida, o tubo slim, aquele mais fininho, ampliou a participação de 12,3% para 22,6% em igual período. "O slim tube tem um volume razoável de vendas e é a opção dos consumidores que não têm condição de migrar do tubão para a tela fina por causa dos preços ainda elevados", diz Gisela. Várias indústrias apostam firme nesse segmento.A LG, por exemplo, fabrica só um modelo de TV de tubo tradicional. O foco de TV de tubo da companhia está nos aparelhos slim. Segundo Fernanda Summa, gerente de produtos, 45% das TVs fabricadas pela empresa são de plasma ou LCD e 55% de tubo, praticamente a mesma proporção do mercado. E não há planos de abandonar a fabricação dos televisores de tubo.Já a Panasonic, desde o começo do ano, parou temporariamente a produção de TVs de tubo. "Preferimos concentrar a produção de TV de tela fina porque a demanda está muito forte", afirma o analista de produtos de TV da companhia, Daniel Kawano. Com preços em queda da nova tecnologia, ele acredita que será muito difícil retomar a produção de TV de tubo.A expectativa do mercado, diz Kawano, é de que as vendas de TVs de plasma e LCD encerrem o ano quase que empatadas com as TVs de tubo em número de peças e ultrapassem a velha tecnologia no ano que vem."A inversão do mercado deve ocorrer em 2010", prevê o responsável pela categoria de TVs da Philips, Eduardo Junqueira.Junqueira calcula que os televisores de LCD e plasma vão representar 65% das vendas no mercado brasileiro em número de peças no fim do ano que vem e que a Copa do Mundo vai impulsionar as vendas no primeiro semestre de 2010. Junqueira projeta que as vendas totais do mercado brasileiro de TVs atinjam 10 milhões de aparelhos em 2010, com crescimento de 5% em relação a 2009. Desde o primeiro trimestre, a Philips focou na produção de TVs finas. Hoje fabrica 10 modelos flat, dois modelos de tubo slim e apenas um de TV de tubo tradicional.
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