1 mês após massacre no RN, presos estão soltos e não se sabe nº de vítimas
Ao menos 20 detentos sumiram: eles podem ter morrido, fugido ou saído das cadeias com alvará de soltura
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Por Ricardo Araújo
NATAL - Um mês após a maior rebelião já registrada no sistema penitenciário do Rio Grande do Norte, pelo 1 mil detentos continuam soltos nos pavilhões destruídos da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta, na região metropolitana de Natal.
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Outros 400 presos dividem 20 celas na Penitenciária Estadual Rogério Coutinho Madruga, vizinha à Alcaçuz, de onde os internos fugiram para atacar os pavilhões ao lado. Dados oficiais apontam que 26 homens morreram e 56 fugiram, mas os números podem ser maiores.
Dos 26 presos mortos durante os 13 dias de confronto entre facções rivais que disputam o poder em Alcaçuz e Rogério Coutinho Madruga - Sindicato do Crime e Primeiro Comando da Capital -, quatro ainda não foram identificados.
Três deles foram totalmente carbonizados e a identificação dos restos mortais depende de exames de DNA que não são realizados pelo Instituto Técnico de Perícia (Itep/RN). A expectativa é de que amostras do que restou preservado das vítimas sejam encaminhadas para laboratórios no Ceará ou Distrito Federal.
Detentos fazem batalha campal na Penitenciária de Alcaçuz, no RN
1 / 13Detentos fazem batalha campal na Penitenciária de Alcaçuz, no RN
Guerra entre facções em Nísia Floresta
Detentos usaram plástico, madeira e outros objetos paramontar barricadas e atacar presos de facções rivais Foto: Andressa Anholete/AFP
Guerra entre facções em Nísia Floresta
Os detentos usaram vários objetos e improvisaram lanças e armas Foto: Josemar Gonçalves/Reuters
Guerra entre facções em Nísia Floresta
Do lado de fora da penitenciária, policiaisfizeram disparos com balas de borracha e lançaram bombas de efeito moralpara tentar impedir a aproximação d... Foto: Andressa Anholete/AFPMais
Guerra entre facções em Nísia Floresta
Policiais militares reagiram e fizeram disparos com armas não letais para tentar conter o confronto entre os presos Foto: Marco Antônio Carvalho/Estadão
Briga entre facções em Nísia Floresta
As primeiras informações indicam que presos do Primeiro Comando da Capitalavançam sobre detentos do Sindicato do Crime RN Foto: Andressa Anholete/AFP
Guerra entre facções em Nísia Floresta
PM atirou várias bombas de efeito moral para tentar conter o confronto Foto: Josemar Gonçalves/Reuters
Guerra entre facções em Nísia Floresta
Uma grande quantidade de tiros pôde ser ouvida na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta, na região metropolitana de Natal Foto: Andressa Anholete/AFP
Guerra entre facções em Nísia Floresta
Alguns dos detentos colocaram camisetas na cabeça para esconder o rosto Foto: Josemar Gonçalves/Reuters
Guerra entre facções em Nísia Floresta
Desde o massacre, a Penitenciária Estadual de Alcaçuz está tomada pelos detentos, que caminham livremente no pátio - as celas foram destruídas Foto: Josemar Gonçalves/Reuters
Guerra entre facções em Nísia Floresta
A Penitenciária Estadual de Alcaçuz é a maior do Rio Grande do Norte Foto: Josemar Gonçalves/Reuters
Guerra entre facções em Nísia Floresta
Detentos hastearam bandeiras durante a batalha campal na Penitenciária de Alcaçuz Foto: Marco Antônio Carvalho/Estadão
Guerra entre facções em Nísia Floresta
Na tentativa de evitar fugas, a Força Nacional realiza rondas em volta de Alcaçuz Foto: Andressa Anholete/AFP
Guerra entre facções em Nísia Floresta
Este confronto aconteceu seis dias após o fim do massacre na penitenciária que terminou com 26 mortos Foto: Josemar Gonçalves/Reuters
Na semana passada, mais um crânio foi encontrado na área interna de Alcaçuz. Até esta terça-feira, 14, 12 cabeças - em estado avançado de decomposição ou totalmente calcificadas - foram recolhidas do complexo prisional e também dependem de exames minuciosos para identificação. Além dessas partes, outras como braços e pernas esperam por exames mais detalhados. Dos 22 mortos identificados, 11 foram liberados para sepultamento sem a cabeça.
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De acordo com a assessoria de imprensa do Itep/RN, os familiares reconheceram os corpos por tatuagens e, em seguida, foram realizados exames de confronto de impressão digital. Eles ainda não foram ao Itep/RN reclamar a identificação das partes recolhidas após a rebelião.
A Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania (Sejuc/RN) informou que 56 presos fugiram durante a rebelião. O número, porém, pode ser ainda maior, pois ao menos 20 apenados sumiram das duas penitenciárias e o governo do Estado não sabe se eles morreram, fugiram ou saíram das cadeias por força de alvará de soltura.
Veja imagens do interior do presídio de Alcaçuz
1 / 14Veja imagens do interior do presídio de Alcaçuz
Penitenciária de Alcaçuz (RN)
Corredor da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta, na região metropolitana de Natal Foto: Divulgação
Penitenciária de Alcaçuz (RN)
Uma das celas da Penitenciária Estadual de Alcaçuz Foto: Divulgação
Penitenciária de Alcaçuz (RN)
Mais detalhes da cela Foto: Divulgação
Penitenciária de Alcaçuz (RN)
A Penitenciária Estadual de Alcaçuz é a maior do Rio Grande do Norte Foto: Divulgação
Penitenciária de Alcaçuz (RN)
Área externa do presídio Foto: Divulgação
Penitenciária de Alcaçuz (RN)
Alcaçuz se localiza na cidade de Nísia Floresta, na região metropolitana de Natal, a cerca de 25 quilômetros da capital potiguar Foto: Divulgação
Penitenciária de Alcaçuz (RN)
Corredor de celas da penitenciária Foto: Divulgação
Penitenciária de Alcaçuz (RN)
Sala de aula do presídio Foto: Divulgação
Penitenciária de Alcaçuz (RN)
Cozinha onde os funcionários do presídio preparam refeições para os detentos Foto: Divulgação
Penitenciária de Alcaçuz (RN)
Preparo de refeição para os detentos Foto: Divulgação
Penitenciária de Alcaçuz (RN)
Sanitário de uma das celas Foto: Divulgação
Penitenciária de Alcaçuz (RN)
Grades que separam ala do presídio Foto: Divulgação
Penitenciária de Alcaçuz (RN)
Área reservada apenas a funcionários da cadeia Foto: Divulgação
Penitenciária de Alcaçuz (RN)
O massacre de 14 de janeiro de 2017 foi a maior matança registrada na Penitenciária Estadual de Alcaçuz Foto: Divulgação
O futuro de Alcaçuz. Em coletivas de imprensa após a rebelião, o governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), anunciou que vai desativar Alcaçuz. A penitenciária, inaugurada no final da década de 1990, foi concebida para ser de segurança máxima e tinha capacidade oficial para abrigar 620 apenados.
No dia da rebelião, em 14 de janeiro, a Penitenciária Estadual de Alcaçuz abrigava cerca de 1,2 mil homens. Desde março de 2015, após as primeiras grandes rebeliões na unidade, os presos circulam livremente pelos pavilhões. Não há prazo para que as celas sejam reconstruídas.
As ações emergenciais para reforçar a segurança no complexo prisional e dividir as duas penitenciárias por meio da construção de um muro custará R$ 794 mil ao governo do Rio Grande do Norte.
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Relembre massacres em presídios pelo País
1 / 13Relembre massacres em presídios pelo País
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31 presosforam mortosna madrugada do dia 6 de janeiro naPenitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Roraima. O massacre ocorreu cinco dias após a morte... Foto: REUTERS/JPavaniMais
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Carandiru, São Paulo-SP, 2 de outubro de 1992.Multidão de parentes e curiosos lota a entrada da Casa de Detenção de São Paulo, em Santana, na zona nor... Foto: Heitor Hui/EstadãoMais
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Carandiru, São Paulo-SP, 5 de outubro de 1992.Presos penduram faixa demonstrando luto no Complexo Penitenciário do Carandiru, três dias após o massacr... Foto: Itamar Miranda/EstadãoMais
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Carandiru, São Paulo-SP.Vista aérea de detentos na Penitenciária do Estado no Complexo do Carandiru durante a ocorrência uma série de rebeliões em div... Foto: Monica Zarattini/EstadãoMais
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Carandiru, São Paulo-SP, 2 de outubro de 1992.O massacre no Carandiru registrouo maior número de mortos em presídios brasileiros na história. Foto: Epitácio Pessoa/Estadão
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Pedrinhas, São Luís-MA, novembro de 2010.Detento durante banho de sol no Complexo Penitenciário de Pedrinhas. Foto: Márcio Fernandes
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Urso Branco
Urso Branco,Porto Velho-RO, 3 de janeiro de 2002.Rebelados no telhado do PresídioUrsoBranco, em Porto Velho, no Estado de Rondônia, exibem faixas, enq... Foto: Dida Sampaio/EstadãoMais
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Benfica, Rio de Janeiro/RJ, 2 de junho de 2004.Fuga e rebelião na Casa de Custódia de Benfica, antigo Ponto Zero, na zona da Leopoldina, zona norte do... Foto: Marcos D'PaulaMais