Vale diz que seguro não cobre nem multa dada pelo Ibama

Diretor vê estrutura pronta, mas afirma que retomada de atividade mineradora dependerá da sociedade civil

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RIO - O seguro de responsabilidade civil da Samarco é insuficiente para cobrir as indenizações e multas ambientais, admitiu o diretor executivo de Finanças da Vale, Luciano Siani. O montante a ser pago a título de reparação foi apontado pelo executivo como “a grande incógnita para o futuro da empresa”. 

Sem abrir os valores de cobertura do seguro da Samarco, o executivo destacou que são expressivos apenas em relação ao risco operacional, envolvendo danos materiais e interrupção de negócios. “Em relação à responsabilidade civil, o seguro é bem inferior à multa que o Ibama aplicou”, disse Siani, em teleconferências com investidores do mercado financeiro. O órgão ambiental federal multou a Samarco em R$ 250 milhões após o acidente.

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A Vale destacou que a prioridade no curto prazo é mitigar os “graves efeitos” do acidente, com foco em várias frentes, como a realocação das pessoas e os danos ambientais”. Uma consultoria foi contratada pela Samarco para elaborar um plano de remediação. Embora tenha dito que Vale e BHP vão prestar o apoio necessário para que a empresa controlada por elas possa reerguer-se, o executivo manteve a estratégia de desvincular a Vale da Samarco, afirmando que, na esfera civil e ambiental, ela é “uma empresa independente, com patrimônio próprio para responder às autoridades”. 

O discurso da Vale é que a sociedade civil, incluindo comunidades locais e as autoridades, é que definirão quando a Samarco terá condições de retomar as atividades. Siani preferiu não estabelecer um prazo, explicando que, do ponto de vista operacional, isso seria possível em tempo relativamente curto, uma vez que, à exceção das barragens, as instalações, como pelotizadoras, porto, mina e o mineroduto da companhia, foram preservadas. “O obstáculo para que a Samarco volte a operar está mais ligado às discussões com a sociedade do que a meios técnicos”, disse Siani, reconhecendo que a limpeza completa do Rio Doce poderá levar “vários anos”.

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Lama. Nesta segunda, a Vale foi alvo de protestos na frente da sede, no centro do Rio. Cerca de 150 manifestantes, conforme cálculos da Polícia Militar, jogaram lama nos vidros do prédio.