A Vale tentará vender o projeto de potássio Rio Colorado, na Argentina, até o fim do período de concessão, disse nesta quarta-feira um executivo da companhia em reunião com analistas no Rio de Janeiro. A segunda maior mineradora do mundo suspendeu o projeto estimado em cerca de 10 bilhões de dólares após uma reavaliação em seu portfólio --que incluiu a venda de 6 bilhões de dólares em diversos ativos no ano passado. Um acordo com milhares de trabalhadores envolvidos no empreendimento foi realizado em abril de 2013 para o término das atividades, mas a concessão continua nas mãos da mineradora, por um período de cerca de quatro anos após a suspensão. "A ideia é gerar valor... se houver oferta que nos gere valor, será considerada. Se a oferta não vier e chegarmos ao final da concessão e não (enxergarmos) valor no projeto, será fechado (definitivamente)", afirmou o gerente de Relação de Relações com Investidores da companhia, Viktor Moskzkowicz. A empresa quer tentar recuperar ao menos parte do investimento que já realizou no desenvolvimento do ativo, de ao menos 2,5 bilhões de dólares. Orçado oficialmente em 6 bilhões de dólares, o custo do projeto foi reavaliado informalmente considerando a inflação no país e outras variáveis. Localizado na província de Mendoza, o projeto planejado para uma capacidade de produção de 4,3 milhões de toneladas anuais de potássio inclui, além da mina, 800 quilômetros de ferrovia e um terminal no porto de Bahía Blanca, ao sul de Buenos Aires. As declarações do executivo da Vale foram realizadas em seminário da Apimec Rio, onde analistas que acompanham o setor de mineração expuseram projeções para os preços de minério de ferro, o carro-chefe das vendas da Vale. PREÇOS O analista Thiago Lofiego, do Bank of America Merril Lynch, projeta que o preço do minério fique em cerca de 120 dólares a tonelada neste ano, recuando levemente para 115 dólares em 2015 e passando a 100 dólares no longo prazo. A permanência do minério de ferro em cotação elevada em 2013 levou analistas a postergar suas projeções de queda do valor do insumo. Com a entrada de vários projetos de minério nos próximos anos, o que elevará a oferta do produto, espera-se que o preço recue, mas o começo desta queda deverá demorar por pelo menos mais um ano na visão de especialistas, observa o analista Marcos Assumpção, do Itaú BBA. "O preço de longo prazo (menor) era visto para 2016 e agora para 2017", disse Assumpção. O minério de ferro é o principal produto da Vale. (Por Sabrina Lorenzi)
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